O LACAIO
Recebi por email, não trazia nome de autor, mas merece uma leitura atenta
“A síndrome do lacaio é uma doença do século XXI, que explica o embrutecimento das multidões, a inércia face ao aumento das injustiças e a generalização do egoísmo social.
O lacaio tem um comportamento patológico que o faz defender sempre as classes mais favorecidas, com prejuízo daquela a que pertence. Não tem consciência política e age sempre a favor dos que o exploram, na esperança de atrair benevolência.
O lacaio não escolhe gostar dos ricos (gosta deles precisamente porque é lacaio) e considera que o dinheiro que lhe faz falta é muito mais útil nos cofres de quem os tem já cheios.
O lacaio ou herda a sua condição (depois de tantos séculos de escravatura e de feudalismo, pode ser que exista já uma transmissão genética...) ou sofre de uma patologia que se desenvolve desde a infância mas se agrava quando o sujeito toma consciência da mediocridade da sua condição.
O lacaio desenvolve estratégias inconscientes para estabelecer um equilíbrio cognitivo que ajude a justificar a aceitação da subordinação e a sublimar a desilusão.
O lacaio tem um vago sentimento de injustiça, mas convence-se que está do lado correcto da barricada e encaixa maravilhosamente medidas de austeridade ou restrições de liberdades. É a favor da existência de câmaras de vigilância, mesmo que estas não o protejam do que quer que seja.
O lacaio sente-se perfeitamente seguro pela pertença a uma classe social a que é perfeitamente estranho e considera-se integrado no conjunto de 1% dos cidadãos privilegiados do seu país – tal como 20% dos seus compatriotas, lacaios como ele.”
Infelizmente há muitos lacaios por aí. Mais do que imaginamos...
ResponderEliminar«A pior das atitudes é a indiferença» (Stéphane Hessel, "Indignai-vos!", 2011, Objectiva, p. 26), e eu diria que, pela sua objectividade e pela possibilidade de o observarmos, o pior dos comportamentos é a indiferença.
E a diferença reside na realidade entre os que são indiferentes, os submissos, os subservientes, e aqueles que resistem, que denunciam, que actuam - os que se indignam e manifestam a sua indignação.
Um abraço Luís!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarTu sabes,
ResponderEliminarconheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite,
já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Eduardo Alves da Costa
in “No caminho com Maiakóvski”,
São Paulo, Ed. Círculo do Livro, 1988.