Foto : Luís Sérgio
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Numa certa floresta vivia um papagaio chamado Afra de Massa-má, mais conhecido por
PPC (Palrador Preferido do Capital).
Criado desde cedo numa gaiola de privilégios não precisou de se esforçar para
sobreviver, os seus donos alimentaram-no com o que havia de melhor: Gaiola
dourada, comidinha super, e uma quinta nos arredores de uma das mais lindas
serras de Portugal. Em idade escolar inscreveram-no na creche dum tal PPD, Partido dos Parasitas Daqui e além
mares/ Paridos Sem Dono. De fala desenvolta,
falando falso, revelou-se muito rapidamente, muito velozmente, um dos melhores
alunos em matéria de sofismas e demagogia. Nas férias foi frequentando, com ótimas
notas, (repare-se que escrevo notas, não classificações) as “ditas
universidades de Verão” do PPD, espécie de galinheiro, onde os gurus do
capital, vão perorar sobre tudo, mostrando nada saber, a não ser mentir,
tergiversar e enganar o povinho. Escolas de formatação e vazio, estas desditas
“universidades”, inculcaram na mente da ”nossa” ave a ideia de que para vencer
na vida só precisava de estar do lado certo da barricada. E estar do lado certo
da barricada implica hoje defender uma coisa e amanhã outra, desde que isso sirva
ao tacho capitalista e ao próprio tacho.
Da creche, alguns chamam-lhe” jsd” rapidamente transitou para a gaiola mãe, onde muitos e muitas
se digladiavam para ascender ao cargo de “galo-mor”, “o despertador”, o
timoneiro do capital que, com seus dotes de oratória, cantarola acordando as
restantes aves para o dia que começa.
O galinheiro à beira
mar plantado estava de pantanas, as aves quase já não tinham que comer, tal o
desgoverno a que o seu primo (a família papagaio é grande e tem muitas ramificações),
Jazz Solípede, distinto aluno duma
universidade dependente, mais conhecido pelo nome de um famoso filósofo,
sujeitara a capoeira. As raposas Famintas
e Muito Iradas rondavam o galinheiro, queriam cobrar a dívida, iniciar o
resgate, diziam: ”seremos a salvação”, para isso, dispunham-se, muito generosamente,
graciosamente, com o mais elevado altruísmo a enviar para a capoeira a sua melhor
equipa, o famoso triunvirato: Fome, Miséria e Desemprego, mais conhecido pelo inapropriado nome de Tróica.
Não aguentando mais, as aves correram com Jazz, hoje
emigrante de luxo, na Parislhone, conhecida estância turística à beira do Sena.
Prometendo tudo mudar para melhor, falando sempre sofisticamente, docemente, na
mais linda das cantorias de papagaio demagogo e mentiroso, Afra alcandorou-se
ao poder. Ficou famoso e para a história o seu discurso às aves enquanto oposição,
face às medidas austeras de corte na ração por parte do governo de seu primo. E
porque foram escritas na pedra da memória, aqui as deixo, para que as aves atuais
e as vindouras nunca esqueçam do que é capaz um papagaio que, com passos de
coelho, iludiu muitos para servir o grande capital financeiro:
“O
anúncio das medidas adicionais é uma prova gritante do desleixo, da falta de
rigor, da incompetência do desnorte (…) Voltam a lançar-se exigências
adicionais sobre aqueles que são sempre sacrificados. Não há desculpas nem
alibis.”
Diz o Mocho, sempre atento e desconfiado destas manobras, que
terão sido estas fingidas palavras, sem substância, que fizeram com que as
galinhas corressem “que nem baratas tontas” a votar em massa no farsante,
enquanto gritavam: “Como os gregos não! Como os gregos não!”. Gregas se viram
elas, quando poucos dias depois de tomar o poder, Afra determinou que lhes
tirassem mais de metade da ração, incluindo os ditos extras. Consta que algumas
morreram à fome, outras foram abatidas para ser vendidas aos mercados,
coitadinhos, andavam muito nervosos e assim não podia ser.
- “É preciso pagar a dívida”, dizem os patos bravos que entretanto foram ganhando mais poder. Precisamos de tempo. Por esta altura já as raposas tinham entrado no capoeiro e a fome e a miséria aumentavam a cada segundo. Mas, o Mocho sempre atento e desconfiado destas manobras gritou com toda a sua energia:
- “É preciso pagar a dívida”, dizem os patos bravos que entretanto foram ganhando mais poder. Precisamos de tempo. Por esta altura já as raposas tinham entrado no capoeiro e a fome e a miséria aumentavam a cada segundo. Mas, o Mocho sempre atento e desconfiado destas manobras gritou com toda a sua energia:
-Não pagamos, uma dívida que não nos serviu! Se pagarmos morremos à
fome. Que a paguem os patos bravos que estão a enriquecer com os juros e com a
miséria do capoeiro.
No dia seguinte vieram os guardas e levaram o Mocho. Na
floresta, com o chão cheio de penas, reina o medo e a indignação contidas. Apesar
disso, algumas aves já cantam: “mas que dívida, quem a contraiu, para pagar o
quê”?
- Parcerias Para Patos bravos; aos corvos da banca; às aves de rapina, de linhagem nazi, como o
Corges da galinha saxes que, segundo dizem, com todo o desplante, especula e
ganha com a miséria?!
Excelente!
ResponderEliminarCara Anabela ,
EliminarBem-vinda ao blogue.
ab,
Luís Sérgio
Companheiro !
ResponderEliminarBem pensado, bem visto.Ao melhor nível. Realmente a questão fundamental é a dívida, é aqui que bate o ponto.
Grande abraço,
Filpe
Grande Luís Sérgio: depois deste texto é assim que me curvo à tua prosa!
ResponderEliminarFaz-me lembrar aquele célebre diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable Rouge, de Antoine Rault, e que termina com a seguinte fala do segundo para o primeiro:
- Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!
Grande abraço!