Foto: L.Sérgio |
Neste momento, as escolas
portuguesas tal como a maior parte na
europa, transformam-se, aceleradamente, apenas e só, em “meros campos de treino
para exames” e por inerência o professor passa a simples treinador de exames, o
exame tudo regula e tudo determina. Os/as mais papistas que o papa gostam de
acrescentar a isto uma miríade de provas
e “provazinhas” que não servem para
nada, a não ser satisfazer e preencher os
seus desejos mais recalcados de uma vida familiar e sexual vazia e frustrante.
A psicologia, afinal, até parece que explica alguma coisa… Na verdade, é
preciso, é importante preparar para os exames, mas a actuação intelectual, a
estratégia de ensino e do ensino do
professor não pode, não deve limitar-se às visões muitas vezes estreitas e
redutoras dos pontos de vista dominantes em toda a tralha produzida para
orientar e formatar provas. É preciso que o professor alargue os seus
horizontes e os dos seus alunos muito para além das visões pobres e fascistas
emanadas da 5 de Outubro, expressas, por exemplo, nas inenarráveis metas
curriculares que não têm outro objectivo que não seja : retirar ao professor e
à escola toda e qualquer possibilidade de inovação e criatividade. A
“funcionalização docente”tem múltiplas estratégias e não é só a
despedir professores que se constrói um “não-professor”.
Rejeitando toda a
parafernália burocrática que visa controlar e domesticar os professores
impedindo-os de se a assumirem nas sua maior dimensão de pedagogos, o professor
António Nóvoa está farto de dizer que, “É preciso voltar à pessoa do
professor”. Concordo inteiramente com esta visão do docente, a da dimensão
humana, a da vida vivida e ensinada, o
professor não existe para lá daquilo que é como pessoa, insistir nessa
separação é uma falácia.
Podemos afirmar que nas
escolas o que predomina na sua maioria, é o não – professor. Meus caros
leitores e amigos isto não é provocação, é uma constatação, o estado zombie da
classe é detectável a olho nu, sem necessidade de qualquer exame ou estudo.
Senão, como aceitar que o ministério e
os seus apaniguados tenham feito “gato sapato” das escolas e dos professores.
Houve boas e fundamentais resistências
temporais e pontuais, mas a verdade é que a inacção e a vontade dos grandes
interesses têm-se sobreposto. A Dona Inércia, antes de chegar ao BES, há muito
que se tinha instalado na maioria das nossas escolas.
Espero muito sinceramente, que este estado zombie, esta negação pela inércia
de um das profissões mais importantes da nossa sociedade sejam provisórios .
Desejo que os que almejam uma Escola Pública Democrática e Progressista, os que
insistem em se assumir como PROFESSORES capazes de definir o seu próprio
caminho, capazes de tomar posição e se assumir como pessoas pensantes e
actuantes não desistam e que pela sua determinação e acção contagiem a maioria
dos seus companheiros (até já me repugna usar a palavra colega).
- Que fazer então?, dizeis.
- Não posso, nem quero dizer mais, que cada um siga o seu
caminho, analise a sua vida e a sua conduta na escola que muitos percebam a
necessidade de mudar, de despertar para vida que vai num professor, pode fazer
a diferença. Nada do que vos proponho é fácil, mas os interesses que estão em
jogo, o convencional, nunca foram , nem serão fáceis de combater. Precisamos de
grandes doses de humanismo, perseverança e imaginação para encontrarmos
o(s)caminho(s).
Mas, se ainda acreditam que o Ser Professor pode
prevalecer sobre o Não-professor vale a pena fazer alguma coisa e não desistir
e, sobretudo, lutar. E ,acrediteis ou não, aqui reside a diferença entre ser
feliz ou um mero zombie que espera a morte. Pois, como muito bem escreveu em, Nova
Teoria da Felicidade, o escritor e por ele professor e filósofo, Miguel
Real, Serão Sempre felizes : “
“Aqueles que , em qualquer época ,buscam
novas formas de existência, exploram alternativas e anseiam por novas experiências de vida, não
se
submetendo às formas institucionais de
existência.”
(p.
165).
Comentário significativo e pertinente.
ResponderEliminarDo José Luís Costa (enviado por e-mail ,Publico depois de devidamente autorizado ):
Caro Luís
Um verdadeiro professor merece um bom vencimento mas a sua grande realização é sentir afeto e respeito pela sua profissão. Reconhecimento, coesão e solidariedade o triângulo para o sucesso de uma Escola humanista projetando homens com valores numa sociedade que se pretende menos interesseira!
Um abraço solidário
José Luís
Querido amigo,
ResponderEliminarTexto excelente.
bj