Já percebi,
se calhar é por causa dos “novos sebastianismos” que algumas salas de
professores estão transformadas em cemitérios, onde os mortos vivos olham de
soslaio uns para os outros à espera que o parceiro do lado, tal qual D.
Sebastião, se decida a lutar por eles e a resolver-lhes os problemas. Por isso
se agridem com mesquinhices, invejas e complexos de inferioridade de “doutorzecos
da mula ruça”. Não lhes chega o ministério a fazer de Diabo, eles tornam-se em
camafeus maiores, quando por um qualquer erro da astrofísica se acham com poder
e indignidade para cuspirem nos colegas. Estão pior que nunca e nada acontece.
Dai-lhes
senhor o eterno descanso de uma caverna de Platão, de sombras e nevoeiro, não
os deixeis ascender à luz, a razão cega-os e transforma-os em bestas de carroça
vazia. Ofertai-lhes senhor uma manhã de nevoeiro e, calmamente, muito serenamente,
elevai-os à condição Sabática para que, para todo o sempre desapareçam sem
rasto e omissão. Dai- lhes condição de escravos que, por ela e por amor dela ,tornar-se-ão indignos.
Viva El-Rei
D. Sebastião!
Depois deste
desvario (será que é?), acreditando ou não em sebastianismos, leiam mais este excelente
livro de Miguel Real. Mas leiam mesmo, não vá o diabo tecê-las e aparecer por
aí, um dia destes, uma qualquer alma penada, perguntar-nos, se já lemos. Por
mim, já estou como o outro,” não acredito em bruxas”, mas, há dias, sentado numa
sala de professores quase vi um D. Sebastião. Não sei se era do sono, se do
nevoeiro, mas que fiquei com a sensação de ter visto uma alma do outro mundo…
nem vos digo o susto, só não me benzi, porque não sei, não sou homem de muitas
crenças, mas balbuciei muito baixinho, para mais ninguém ouvir: “Vade retro
satanás.” O Miguel Real que me desculpe a prosa, na verdade o convívio com “os
novos sebastianismos” deixou-me em transe …
Por isso,
mais uma vez, recomendo: leiam! Porque depois de: Nova Teoria do Mal; Nova teoria da Felicidade (livro
maravilhoso, para mim marcante), nunca se sabe se a salvação estará numa Nova Teoria do Sebastianismo.
“Um dos mais paradigmáticos mitos portugueses analisado por
um grande pensador. Nova Teoria do Sebastianismo é um ensaio que reflecte sobre
o mito sebastianista como alucinação racionalmente falsa mas sentimentalmente
verdadeira e nos dá a conhecer os autores que trataram o tema, desde Bandarra e
Padre António Vieira até aos filósofos contemporâneos, passando por Fernando
Pessoa, António Quadros, António Sérgio e Eduardo Lourenço. O presente título
insere-se numa colecção na qual foram já publicados dois outros títulos de
Miguel Real: Nova Teoria do Mal e Nova Teoria da Felicidade enquanto propostas
para uma ética do século XXI. "Ser sebastianista hoje [...] significa, não
a esperança no indefinido regresso de D. Sebastião, nem acreditar neste como o Messias
regenerador da sociedade portuguesa, [...] mas ter plena consciência de que em
Portugal só se atinge um patamar próspero de vida se algo (uma instituição) ou
alguém dotado de elemento carismático nos prestar um auxílio que nos retire,
por meios extraordinários, do embrutecimento e empobrecimento da vida
quotidiana: a subserviência rastejante ao Partido, a cunha do «Senhor Doutor»,
a crença no resultado do totoloto ou do euromilhões, a promessa a Nossa Senhora
de Fátima ou santo congénere... Esse algo ou alguém, quando negado em Portugal,
impele à emigração, forçando o português a buscar no estrangeiro o que, devido
às políticas de autofavorecimento das elites, lhe é negado na sua terra natal.”
Texto retirado do Book.Googles
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