
Escolas TEIP. Algumas dúvidas e interrogações.
Mas será que são estes os desígnios que os actuais mandantes da política educativa perseguem com a criação destes ditos territórios? Aqui começam verdadeiramente as dúvidas e algumas das objecções. A criação dos TEIP, como o próprio nome indica pressupõe um compromisso com a comunidade envolvente, a questão é que até agora a “comunidade” viu nos TEIP mais uma forma de entrar na escola para se promover, para ganhar alguma coisa. Nas escolas portuguesas nestas e em todas as outras é chegado o momento de perguntarmos: O que é que a comunidade pode e deve dar? Afinal, com o que é que podemos contar para termos melhores escolas e melhor ensino. Há a miragem dos recursos: mais dinheiro, mais técnicos, etc., etc. Como se o mais dinheiro e os mais técnicos só por si resolvessem os problemas. Tem acontecido que algumas vezes só vêm atrapalhar. Na ausência de uma política educativa exigente e pedagogicamente esclarecida sobre o caminho a seguir, mais dinheiro e mais técnicos poderão não resolver nada e gerar mais confusão, mais caos e desperdício de recursos financeiros e humanos com custos para todos nós. Acontece que em algumas destas escolas os “projectos se atropelam uns aos outros” e ninguém sabe bem o que anda a fazer nem para quê. Os professores fazem (sobra sempre para eles e para os funcionários), desgastam-se e no final de cada ano lectivo, a qualidade de ensino e a escola pública vão minguando e as instâncias oficiais cantam alegremente o sucesso forjado. Muitas destas escolas numa retórica sofista e ignara endeusaram a não directividade e o mais que tudo, o supra sumo são as áreas projecto e o brincar à cidadania, os conteúdos, a verdadeiro ensino e a correcta aprendizagem são relegados para terceiro ou quarto plano. Esquecem estes sofistas ignaros que são precisamente os alunos destas escolas e, sobretudo, os oriundos das camadas sociais mais desfavorecidas quem precisa de mais directividade, mais regras, mais orientação e apoio. A escola pode e deve compensar o que as suas famílias não conseguem oferecer: objectivos, normas e competências para vencer na vida. Deseducá-los na não directividade,significa perdê-los, nada ensinar, e desperdiçar tempo e recursos. “Os projectos devem partir dos alunos e só dos alunos”, dizem. Que bonito, que comovente. Educar é formar, trabalhar, forjar. Aprendamos com o ferreiro, se alguma vez esperasse que o ferro se fizesse a si próprio, ainda hoje esperaríamos pela primeira peça saída das suas mãos. Quem ensina molda, quem molda constrói e, o novo aluno, a nova escola não nasce por si só, constrói-se. O resto é música celestial para entreter alguns anjinhos.
Mas se a questão das escolas TEIP se reduzir no essencial a uma mudança de estratégias e metodologias, não precisamos deste modelo para nada. Uma liderança democrática, progressista e inovadora que envolva todos os intervenientes no processo educativo, capaz de mobilizar e criar condições de trabalho aos professores e alunos terá mais efeito, será mais eficaz do que mil projectos de territorialização. Às vezes, quando penso nestas escolas, lembro-me das reservas índias do velho faroeste americano, todos sabemos o que aconteceu aos índios, preocupa-me que a educação e a escola pública sigam o mesmo destino se não se alterar substancialmente a visão do poder sobre a ESCOLA.