quinta-feira, 22 de março de 2012

As cores das flores

Foto: L.Sérgio

Desabafos:
“Fecharmo-nos num passado ou num momento presente que nos traz dissabores apenas produz gastrite cerebral crónica.
O melhor da História do mundo foi e será possível porque sempre houve pessoas que não aceitaram o estabelecido e propuseram-se a mudá-lo.”
Joaquim Lorente
Aprender com o Diego
Uma criança cega precisa de escrever um texto sobre as cores das flores.
Num tempo em que alguns se submetem e aceitam o mundo a preto e branco que lhes querem impor, o Diego dá-nos uma lição de vida.

terça-feira, 20 de março de 2012

Fazer a greve geral - Para quê ?


De um grupo de professores de uma escola da Guarda, um forte e lúcido apelo à participação na greve geral de 22 de Março.
 Com sublinhados da minha responsabilidade , aqui fica , leiam e divulguem. 

FAZER A GREVE GERAL – PARA QUê?
Muitas e muitos colegas se interrogam sobre a utilidade de participar na greve geral do próximo dia 22 de Março. “Vale a pena perder um dia de ordenado se tudo ficar na mesma?”.
Mas se a greve geral cumprir o objectivo de parar as empresas, os serviços, as escolas e o país, nada ficará na mesma após a sua realização. Os trabalhadores e o povo terão ganho uma enorme capacidade para construir uma alternativa ao abismo em que se está a afundar Portugal e à desgraça para que se está a empurrar a maioria da população portuguesa.
Tal como o anterior, o governo actual é um mero instrumento dos interesses do imperialismo germânico e das grandes instituições financeiras, representados pela tróica. Como tal, nunca fará nada que não seja destruir a capacidade produtiva do país e respectivos postos de trabalho, assim como roubar continuamente os ordenados e impostos de quem trabalha, canalizando-os directamente para os bancos, os grandes grupos económicos e seus serventuários.
No caso da educação e das escolas, o actual governo nunca tomará nenhuma medida que não signifique o despedimento de professores e funcionários, o roubo nos seus ordenados, o aumento do tempo de trabalho, a degradação das condições de ensino/aprendizagem e o favorecimento permanente dos interesses empresariais privados que apostam na exploração lucrativa da indústria educativa.
O governo Coelho/Portas e o ministério de Nuno Crato jamais mudarão de políticas. Porque assim é, o povo português e a comunidade educativa devem apontar-lhes o caminho da rua. E quanto mais depressa melhor, porque menores serão os custos e os sacrifícios. A greve geral de 22 de Março deve ser um passo decisivo para alcançar esse objectivo. A mobilização e a força que são necessárias para derrubar o governo e expulsar a tróica, são as mesmas que permitirão formar um governo alternativo, democrático e patriótico.
A primeira medida que um novo governo deve tomar é a de recusar o pagamento da dívida pública. A uma comissão independente e credível caberá fazer a auditoria da dívida e apontar os responsáveis pelos escândalos que a mesma representa. Se bandos de malfeitores se serviram do governo e das empresas públicas para se apoderarem e entregarem aos bancos os rendimentos e as riquezas do país, porque havemos de ser nós a pagar essas malfeitorias?
Colegas:
Por todas as razões e mais uma, é importante participar na próxima greve geral. É importante manifestar o nosso descontentamento, mas sobretudo é importante dizer, alto e bom som, que não desistimos de Portugal e da esperança de construir um país mais justo, mais democrático, mais soberano e mais fraterno.
NO PRÓXIMO DIA 22 DE MARÇO,
 VAMOS TODOS PARTICIPAR NA GREVE GERAL!

terça-feira, 13 de março de 2012

Basta !




Recebi de dois colegas, apelos à greve geral, que com todo o prazer divulgo. A divulgação destes documentos, nomeadamente, o texto escrito, parecem-me muito importantes para a mobilização dos professores.
Leiam, vejam e divulguem, que ninguém fique fora desta luta. É preciso dizer basta!
Colega!
Ø Se queres defender o teu posto de trabalho;
Ø Se não queres ver cair o teu rendimento até níveis de pobreza;
Ø Se queres garantir uma reforma decente e com direitos;
Ø Se queres recuperar as condições e a dignidade necessárias ao exercício da profissão de professor/a;
Ø Se o teu sentido de cidadania e de patriotismo te impele a dizer “Basta!” ao definhar da democracia e da independência de Portugal:
LUTA PELOS TEUS DIREITOS!
EXERCE O TEU DEVER DE CIDADANIA!
PARTICIPA NA GREVE GERAL NACIONAL DE 22 DE MARÇO !

quarta-feira, 7 de março de 2012

Memória

A vaquinha Milu. Durante o consulado de M.L.Rodrigues
acompanhou-me por todo o lado, reuniões, manifestações,
na escola. Hoje descansa na minha secretária de trabalho
entre a imagem de um buda e um pequena pedra de estimação.

Oito de Março de 2008.
Um dia internacional da mulher diferente.
Professores fizeram história.
 

Pois é. Como o tempo passa, foi há quatro anos, a maior manifestação de professores de que há memória em Portugal. No auge da resistência, quase em desespero, vítimas de um ataque sem precedentes, que lhes roubava a dignidade, as condições de trabalho e SER, mais de 120.000 docentes saíram à rua e gritaram bem alto a sua indignação. Mostraram ao país e ao mundo que as políticas socráticas visavam destruir o ensino público, acabar com a carreira docente e preparar o ataque a toda a função pública e resto da população trabalhadora. A manifestação provou que os professores já não aguentavam mais, o sofrimento e a prepotência, exasperavam, colocavam no limite e uniam uma classe difícil de unir e mobilizar. Cumprindo as ordens do seu chefe, a execrável e de má memória, Milu, teve mérito, por uma vez, unir e revoltar toda uma classe. O poder tremeu e só não foi abaixo por inépcia da oposição e das muitas traições sindicais, ainda hoje sem explicação. Numa posição recuada de defesa e “reclamação de diálogo”, cantou-se vitória porque o governo aceitava negociar. Quando a manifestação e a opinião pública exigiam, no mínimo, a queda da ministra, uns quantos estrategas de pacotilha, nos quais se integram algumas direcções sindicais, adormeceram à mesa das negociações, sem qualquer ganho significativo para os professores e para as escolas.
O próprio Carvalho da Silva, na época, dirigente da CGTP, afirmou, nesse dia, discursando, no fim da manifestação, qualquer coisa como: “ A ministra tem de sair, nem que tenha que ser com um guindaste”. No dia seguinte, a ministra continuou e passados alguns dias festejou-se um memorando de entendimento, no qual tinham sido usados, muito mal, como moeda de troca: a luta e a resistência dos professores. Pequenas migalhas e pequenos ajustamentos legais calaram alguns dirigentes e adormeceram uma classe disposta a lutar e a resistir. De significativo pouco se conseguiu, o essencial da dominação e destruição socrática manteve-se: Um sistema de gestão fascizante, cujo dirigente máximo respondia e responde fundamentalmente à Tutela, a perda da autonomia e o fim da participação dos professores na vida e gestão da escola consumou-se; os horários de escravidão e dedicação a burocracias que em nada contribuem para a melhoria do ensino mantiveram-se; o essencial de um modelo de avaliação absurdo, injusto e discricionário continuou e continua. Pequenos núcleos continuaram a resistir, mas sem uma direcção e uma estratégia organizativa capaz de continuar uma luta ferida, agora, desorientada, e algo frustrada. É verdade que, quando entregues a si próprios, um número significativo de professores, consciente ou inconscientemente, foi dando uns tiros nos pés, entregando-se e vendendo-se sem qualquer pejo, a troco de uma possível ultrapassagem pela direita dos restantes colegas. Para alguns, naqueles tempos, como agora, vale tudo, menos tirar olhos, esquecendo-se que no seu afã egoísta e umbiguista, destroem tanto a sua vida como a dos outros, coitados, coitadas, estas últimas estão em maioria, quando acordarem da sua malvadez, talvez seja tarde para se olharem direito. De qualquer modo, estas atitudes só prosperaram porque se mantiveram as direcções escolares, nas escolas, como “cadeias de transmissão” de uma política socrática de dominação e medo. E como o medo impede alguns de viver, muitos outros foram vítimas dos danos colaterais e das traições.
Hoje, nas escolas e no país, o mar está mais encrespado que nunca, hoje mais do que em tempo algum, os professores têm de resistir e lutar. Hoje, ficar a assistir, fazendo de conta que nada é connosco é erro fatal. Como se escreve, no vídeo que hoje vos deixo:
“ É tradição os Homens lutarem! É tradição o Homem crescer.”

Será que se mantém a tradição?