terça-feira, 31 de julho de 2012

Parque de diversões.

Um comentário que merece um post.

Parque de diversões.

Caro amigo,
Todos os dias nos saltam ao caminho situações que nos deveriam levar a reflectir. Que se estava a viver acima das possibilidades era evidente. Que se deveriam ter  tomado decisões para se reformular o conceito de vida despesista era evidente. Que muitos portugueses e portuguesas se colocaram a jeito pelo esperar que outros fizessem o que lhes competia era evidente. Mas isto o que está acontecer merece um discurso diferente aglutinando esforços e vontades.
Vamos então às evidências. Quando se investe num País pagando impostos (cada vez mais e de uma cegueira atroz) espera-se que os gestores façam o seu melhor para rentabilizar o investido. Como? Tomando as medidas certas, em tempo certo, escolhendo as pessoas com perfil para dar sustentabilidade à empresa. O que aconteceu? Loucura na palavra, luxúria no estar e, principalmente, cegueira quanto à realidade do país.
Como sempre o totó pagante é confrontado com o aumento consecutivo de impostos para recuperar na roleta da política a saúde do paciente moribundo e já sem força para seguir em frente. O que acontece? Nem uma palavra de estímulo a quem faz das tripas coração para aguentar esse investimento. Antes dizendo que se as coisas piorarem vamos aumentar os medicamentos (cada vez mais caros) sabendo que o diagnóstico está errado desde o início. Em qualquer empresa fácil seria aumentar os preços quando os resultados não são suficientes.
Acontece com a Educação um fenómeno deveras intrigante para o simples luso mortal. Parece um parque de diversões em que cada um que chega faz o que bem entende sem ter em conta o que interessa verdadeiramente fazer. Nas montanhas russas o subir e descer sem rigor leva a que os utentes saem cada vez mais tontos e agoniados. No lançar a bola contra o professor a coisa toca a desfaçatez em torná-la mais pesada para o derrubar de vez. Nos carros de choque o martírio aumenta pelos constantes abalroamentos contra a sua integridade física e mental de forma a traumatizá-lo com gravidade para o ver prostrado sem remissão. Nas curvas da morte os conteúdos são de tal forma alterados que de tanta pirueta fica a ideia que o desastre está por pouco pela muita mudança de direcção.
Falta claro a roda gigante onde habitualmente se deixa ficar no ar aquilo que merecia estar com os pés bem assentes no chão. Quanto à vidente desdentada que prevê o futuro só lhe resta dizer ao professor que imigre para à distância observar os seus alunos a saírem de um Portugal exportador de massa cinzenta. Ao sair da feira tonto de tanta diversão sem sentido pede na bilheteira que lhe devolvam o preço de entrada. Mas continua sem sorte. Pois dizem que na próxima vinda o preço está mais alto porque não conseguem rentabilidade para a manter a porta aberta.
Como forma de terminar desejaria dizer-te que nunca tantos falaram daquilo que é uma evidência. O que levou anos a entortar não se pode endireitar em poucos meses. Que a Educação deve ser tida por um serviço de excelência e não um monte de desperdício legislativo sem sentido. Que nunca ninguém conseguiu ter sucesso contra quem tem no terreno de implementar o que se decide como bom. Que os nossos jovens não podem parar de crescer para esperar finalmente pela qualidade no ensino. Um país que não aproveita quem se esforça e consegue criar riqueza futura nunca chegará a bom porto.
Caro amigo, não te tenho dito nada ultimamente pois sinto necessidade de clausura para reflectir sobre o que se está a passar neste país de muita gente boa e competente. Como tu, meu amigo!
Um abraço solidário

José Luís

domingo, 29 de julho de 2012

O mata-professores. Parte 4 de 4.


O mata-professores e a questão ideológica Parte 4 de 4

  Como um mal nunca vem só, é aqui que entra a questão ideológica, o governo de amanuenses do qual São Nuno faz parte, jurou a “pés juntos” fidelidade ao FMI e ao memorando da troica, que mais não é do que uma bíblia para destruir todos e cada um dos direitos dos trabalhadores para pagar os juros da dívida, e, digo juros, porque a dívida, por este andar, ninguém pagará. Querem convencer-nos que o país só se tornará competitivo, se obedecer cegamente aos “mercados”. Para já, não importa discutir o que é isso dos mercados? Essas competividade pensam eles e querem fazer-nos acreditar que só se consegue se tivermos salários e condições de trabalho ao nível da China e do pior dos mundos. Daí termos assistido a que, na mesma altura, o ministério da saúde, tentasse subcontratar cerca de 70 enfermeiros para a ARS-LVT - “receberam propostas para receberem 3,96 euros para 35 horas semanais”, assim noticiava o jornal público. Funcionários da área da saúde, altamente qualificados, pagos a 3,96 euros hora. Pensaríamos impossível, mas perante a denúncia e a luta o ministério recuou, e o ministro até disse que nada sabia. Faz tudo parte da mesma estratégia: Para destruir o serviço nacional de saúde é preciso destruir e domar os profissionais de saúde; para destruir a escola pública é preciso destruir e domar os professores. O grande sonho dos mata-professores é correr com o máximo de docentes das escolas, lançar milhares no desemprego e, mais tarde, poder subcontratá-los, se calhar a uma empresa do Relvas, não a 3,6 euros hora, mas 2euros hora, ou menos…
Ora, como vemos, com estas e outras manobras, nomeadamente os exames, de que falarei um dia destes, estão criadas as condições para a bagunça, insucesso e degradação da escola pública. Criando as piores condições nas escolas, onde o insucesso e a indisciplina aumentarão, lançam-se incentivos para quem pode “correr” com os filhos para o privado. Sobre este assunto, um grupo de cidadãos reunidos no dia 18 de Julho, na Escola Secundária de Raul Proença, nas Caldas da Rainha, criticava:
“…a forma como o Ministério da Educação, através da Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo, tem privilegiado a atribuição de turmas aos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo, pagando cerca de 85 000 euros por turma, em prejuízo das escolas públicas do concelho, originando a situação impensável de haver dezenas de professores sem componente lectiva, e contribuindo, assim, para uma despesa desnecessária para o Orçamento de Estado, numa altura em que os cortes na Educação colocam Portugal em último lugar na listagem de países da OCDE que menos investem nesta área.”

Hoje só um ingénuo, ou um anjinho, muito anjinho, não percebe que o problema, não é conjuntural, mas sobretudo, uma questão de uma ideologia de poucos que quer dominar e lançar para a miséria muitos. Hoje, se nada fizermos, o inferno está aí.
 Aos profissionais da educação e a todos os cidadãos interessados em defender a profissão PROFESSOR e a ESCOLA PÚBLICA só lhes resta lutar, resistir, por todos os meios e de todas as formas ao maior ataque de sempre. A partir de agora, todas as formas de luta serão legítimas, e quando escrevo todas, são mesmo todas. Ilegítimo, ilegal, monstruoso e bárbaro é o que os mata-professores e mata-cidadãos pretendem levar a cabo.
Segundo James Joyce, “Tudo é caro de mais quando não é necessário”. Este governo não é necessário e está a ficar-nos muito caro, por isso, resta-nos fazer o que ainda não foi feito: Contribuir com toda a energia para o derrube deste ministro e deste governo. Será que ides hesitar?

sábado, 28 de julho de 2012

O mata-professores. Parte 3 de 4.

Foto "roubada" ao Luís Costa, autor da blogue DANAÇÃO

O mata-professores e a questão ideológica Parte 3 de 4
Dada a especificidade e natureza da sua função a carga horária a que estão sujeitos os professores é pesada, desgastante e impeditiva de melhor desempenho. Gerir turmas, preparar aulas, ver trabalhos e testes e, muitas vezes, ao final do dia, participar em reuniões ordinárias e extraordinárias de uma inutilidade fatigante e ofensiva são um dos principais inimigos da profissão na actualidade. Sua Exa. achou que os professores se andavam a dispersar muito e digo eu, entendeu que se estava a gastar demais, não podia ser, a coisa assim não dá, é preciso exauri-los, pô-los a trabalhar mais e talvez se poupem mais uns contratos. De certeza que poupa, de certeza que vai acabando com O PROFESSOR aos poucos, mas amealha mais uns quantos créditos para o FMI. A continuar assim, acaba medalhado no 10 de junho, mesmo sem feriado, e o Gaspar ainda o canoniza nalguma igreja mais próxima. Isto de aumentar a carga horária de uma classe que precisa de mais tempo, cada vez mais tempo, para se actualizar e formar, só de santo. Nuno Crato está a lidar com uma das classes mais qualificadas do país, com o espaço onde existem mais licenciados e mestres por Km2, mas a maneira como lhes fala e os trata parece que está a lidar com atrasados mentais, tão baixas e ignaras foram as desculpas que arranjou para aumentar a carga horária. Ouvi-lo na assembleia, na audição parlamentar sobre educação, foi uma espécie de murro no estômago que até deu náusea, e eu que até tenho os abdominais bem treinados, nem imaginam quanto.
Acompanhando estas medidas, o mata-professores, ordenou aos seus directores, a maioria fiéis e obedientes, que enviassem quanto antes os horários zero, em muitos casos, mesmo sem terem feito a distribuição do serviço docente. As “estimativas” por alto, ou por baixo, conforme a leitura, deram números elevados. Conhecendo os totais, pois, tem acesso à plataforma onde foram colocados os horários zero e outros, o ministro negou-se, até agora, a divulgá-los, tal o receio da verdade. O que se sabia das escolas levou à reacção indignada de muitos docentes e de alguns sindicatos, e sublinho alguns, porque outros, pelos vistos, já venderam a alma ao Diabo e acham que o maior ataque de sempre aos professores e à escola pública não é nada com eles. Tão calados andam. Hoje, está em perigo a manutenção da profissão PROFESSOR, tal como a conhecemos, tentando substituí-la a médio prazo, por jornaleiros mal pagos de empresas de subcontratação. A resistência foi ganhando forma e rapidamente passou para a praça pública, descobertos os seus intentos, o amanuense, apressou-se a dizer, qualquer coisa como: “não sai nenhum professor dos quadros e estamos a trabalhar para vincular os contratados” e, atabalhoadamente, muito em cima do joelho, enviou para as escolas uma nota informativa que permitia elaborar alguns projetos de combate ao insucesso. A manobra não ficou clara, mas significou um nítido recuo. Perante a luta dos professores, era preciso calá-los e calar a opinião pública. O que vai acontecer ao certo só se saberá em Setembro, porém devemos continuar a luta, este volta atrás do ministro foi temporário, estratégico, para já, viu que alguns professores estavam acordados, mas não vai desistir. Convém que nos lembremos que pouco depois de tomar posse, Nuno Crato, criticava o concurso nacional de professores. Não repetiu muitas vezes, mas está a preparar a sua destruição de mansinho, como manda a troica e os interesses privados. Temos que estar vigilantes, destes farsantes um mal nunca vem só.
(Continua)


quinta-feira, 26 de julho de 2012

O mata-professores. Parte 2 de 4.


O mata-professores e a questão ideológica Parte 2 de 4.
Quem anda pela escola, ou vai à escola, nem que seja só como encarregado de educação, sabe que um dos elementos estratégicos fundamentais para o funcionamento de um bom conselho de turma é o director de turma. É fundamental, reforçar, melhorar e até alterar as competências e capacidade de intervenção dos que desempenham este cargo. As tarefas, muitas delas burocráticas e inúteis que tem hoje o DT, precisam de ir para o lixo e atribuir-lhe sim, novas e inovadoras tarefas de gestão pedagógica, para conseguir isso, o tempo da direcção de turma é mais que escasso. A liderança cuidada e pedagógica de uma direcção de turma implica tempo, grande disponibilidade física e psicológica. Para pensar e actuar diferente o professor coordenador da turma precisa, e todos sabemos que precisa muito, de mais tempo, muito mais tempo. Que fez o amanuense da troica para a educação, retirou tempo à direcção de turma, com o argumento falacioso, disse-o, há dias no parlamento: “Os professores precisam de se dedicar à sua tarefa essencial”. Sem dúvida, os docentes devem dedicar-se à sua tarefa fundamental, mas não deste modo. Crato sabe, pelo menos, até agora, isso aconteceu, que todas as tarefas continuarão a ser cumpridas, com sacrifício da vida pessoal de muitos e muitas que na sua cegueira zombie continuarão a alimentar o monstro que as destrói. Mas, até quando, mesmo as “doninhas serviçais” aguentarão sem “rebentar” ou pestanejar tal trabalho escravo?!
Um dos problemas das escolas, um grande inimigo da qualidade de ensino, é a indisciplina, normalmente, repito normalmente, porque há sempre excepções à regra, o número elevado de alunos em algumas turmas só contribui para ampliar e quase tornar incontrolável este problema. Pois, em relação a esta matéria, que fez sua excelência, pensando nos números, talvez, só em números de euros, desviados para pagar juros da dívida, achou que a medida devia ser combatida e, como? Aumentando o número de alunos por turma, uma medida de se lhe tirar o chapéu, se pensarmos nas muitas escolas espalhadas pelo país, dá menos umas quantas turmas, logo menos uns quantos horários, logo menos uns quantos professores a contratar. Uma medida de poupança que o outro de falinhas mansas e falsas agradece, a troica nem esperaria tanto. A indisciplina, com medidas destas aumentará, não tenhamos qualquer dúvida, aliás, nas barracas onde dei aulas no último ano lectivo, nem sei se cabem 30 alunos. Se calhar à camada, na volta ainda ganharemos uns euros com a ideia se a exportarmos para a Alemanha ou para a China.
(Continua )

terça-feira, 24 de julho de 2012

O mata-professores. Parte 1 de 4


O mata-professores e a questão ideológica – Parte 1 de 4

A questão ideológica, a Escola Pública, a troica, os enfermeiros, as subcontratações, um ministro que quer matar todos e o plano inclinado do outro que quer matar professores e destruir a classe docente. As lutas, os recuos aparentes que na aparência trazem uma verdade escondida, muito escondida, mas, já com rabo de fora.

 Que desígnios, que intentos, alcandoraram Crato ao ministério da educação?
- Aparentemente, rigor, exames, mais exames, mais ensino. Com a ajuda do “plano inclinado” de que só sairá para a rua, e espero eu pelas ruas da amargura, o senhor Nuno foi-se promovendo e afirmando como defensor de uma qualidade de ensino que alguns desejavam (desejam) e outros sentiam falta. Vã glória de mandar! Chegado ao ministério tudo foi diferente, as intenções tornaram-se outras ou, nem por isso. Na verdade, Crato foi, é, uma grande desilusão, “ou nem tanto”, como diria o meu amigo e colega Guerra. Do melhor ensino depressa passou ao ensino mais barato, ao ensino do “mais com menos”. Da esperança à desilusão foi um ápice, mais rápido que a sombra, o novo ministro mata-professores mostrou ao que vinha, poupar dinheiro com a Escola Pública, nomeadamente com professores e funcionários. Não terá sido por acaso, um matemático com mentalidade crática, não faz as coisas ao acaso, não cortou com nenhuma das medidas da sua antecessora de má memória que tanto criticava. Com pequenos acertos de cosmética, o modelo de gestão fascista das escolas continuou; a avaliação nos moldes errados e espúrios continuou; a exagerada carga horária aumentou. Estes eram três aspectos fundamentais com os quais era imperioso romper se, por acaso, só por acaso, quisesse cortar com o consulado de Milú. Aqui nada mudou, acabou, sim, na véspera, a entrega de prémios aos alunos que se distinguiam com mérito. O defensor da meritocracia, rapidamente desfez as dúvidas, mérito sim, mas sem custos. Um pequeno gesto de enorme significado, que mostrou aos mais atentos ao que vinha: poupar. Imbuído da cartilha de Gasparzinho e fiel à bíblia que no silêncio dos gabinetes jurara defender: o malfado “Memorando da troica”, congeminou a mando dos superiores interesses do capital estrangeiro, nomeadamente o alemão, a melhor e mais certa maneira de destruir a escola pública. Como fazer, como implodir, então a escola de todos, já que o ministério precisava de ficar intacto? Reduzir nos professores, poupar nos professores, destruir, paulatinamente, a classe docente, em nome do rigor, da gestão dos recursos e outras manobras tais.

(Continua)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Concentrações.


 
 
Concentrações:
Porto - Junto à DREN (Rua António Carneiro) - 24 de Julho - 17H00;
Coimbra- Praça da República (com deslocação para a DREC)) - 25 de Julho- 16H30
Évora - Praça de Sertório - 26 de Julho - 18 horas
Faro - Largo da Pontinha - 26 de Julho - 21H00
Lisboa - MEC (Avenida 5 de Outubro) - 27 de Julho (entrega de posições aprovadas nas regiões) - 17H00
Estamos perante o maior ataque de sempre aos professores e à escola pública.
Objectivos ministeriais: Destruir a Escola Pública e acabar com a profissão docente.
Vais deixar?!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Um bom exemplo.

Foto : Luís Sérgio


DA ESCOLA SECUNDÁRIA 2/3 CAMILO CASTELO BRANCO DE VILA REAL


Carta Aberta
ao Primeiro Ministro do Governo de Portugal

ao Ministro da Educação e Ciência

As escolas e os professores dos ensinos básico e secundário têm sido alvo de um “despejar” constante de legislação e de um continuado processo de alteração das regras. Este ano, o Ministério da Educação fez chegar às escolas, muito tardiamente, o que só por si gerou grande perturbação, um conjunto de normativos que estabelecem novas regras para o próximo ano lectivo e que irão prejudicar gravemente a vida das escolas, dos professores e, principalmente, dos alunos. Além da consolidação e do alargamento desmesurado de “mega- agrupamentos”, o governo mandou para as escolas todo um conjunto de novas regras que assentam, como já é costume, em equívocos, em pressupostos errados. Assim:
- mandou reduzir a carga horária de disciplinas estruturantes, contrariando o parecer do Conselho Nacional de Educação e ignorando a participação dos professores na revisão curricular, como se estes não constituíssem uma peça fundamental na implementação de qualquer alteração na estrutura dos curricula;

- mandou aumentar o número de alunos por turma no pressuposto de que este factor é indiferente para o desempenho dos professores e para a aprendizagem dos alunos. (Haverá alguém que acredite nisto?);

- mandou aumentar a carga horária de todos os professores em dois tempos lectivos, no pressuposto de que os professores trabalham pouco, ignorando que a maioria está sujeita a cargas de trabalho que são já causadoras de grande desgaste físico e psicológico;

- mandou diminuir o crédito horário para o exercício do cargo de diretor de turma, no pressuposto de que não é importante e complexo, e ignorando-o como um dos cargos fundamentais para o acompanhamento e sucesso dos alunos e da escola e um elemento-chave de ligação com a família;

- mandou continuar o processo abusivo de designar como não lectivas actividades efectivamente lectivas;

- mandou interromper o percurso dos alunos dos cursos EFA, iniciados no presente ano lectivo, no pressuposto de que quem se inscreve num curso e frequenta parte dele não tem o direito de o concluir.

Partindo destes equívocos, o governo consegue esta irracionalidade:

- exclui professores em todas as escolas, empurrando milhares para a situação de desemprego imediato ou a curto prazo, incluindo milhares de professores dos quadros de escola (efectivos), muitos com mais de trinta anos de serviço e cinquenta de idade;

- sobrecarrega, para além do limite do que é humanamente possível, os professores que ficam na escola, pondo em causa todo o processo de ensino e de aprendizagem.

É óbvio que esta situação, que se repete na generalidade das escolas, de Norte a Sul, terá custos elevadíssimos para os professores, para os alunos e, consequentemente, para o país. Com urgência, de modo a assegurar alguma normalidade no início do próximo ano lectivo, o governo tem de revogar a legislação que criou esta situação completamente absurda, injusta e iníqua, nomeadamente: o despacho nº 5106-A/2012 de 12 de Abril, o despacho normativo nº 13-A/2012 de 5 de Junho e o Decreto-lei nº 139/2012 de 5 de Julho.
Caso a tutela não devolva a dignidade às escolas, os docentes signatários, reunidos na Escola Secundária/3 Camilo Castelo Branco de Vila Real, em 16 de Julho de 2012, entendem que não estão reunidas as condições para iniciar o próximo ano lectivo, pelo que estão dispostos a recorrer às formas de luta que acharem mais adequadas.


Vila Real, 16 de Julho de 2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Um ministro bárbaro.

Foto : Luís Sérgio



Para ler, refletir e agir!
Uma classe zombie e um ministro bárbaro”, é este o título da excelente crónica do professor Santana Castilho, publicada hoje no jornal “Público”. O professor denuncia os meandros criminosos do maior despedimento público alguma vez visto em Portugal. Os professores não podem pagar uma dívida que não contraíram e, devem desde já, exigir o derrube do ministro “mata-professores” e do governo de ladrões que o acolhe. Vamos à luta que se faz tarde!

“ Numa sexta-feira, 13, a tampa de um enorme esgoto foi aberta ante a complacência de uma classe que parece morta em vida. Nuno Crato exigiu e ameaçou: até 13 de Julho, os directores dos agrupamentos e das escolas que restam tiveram que indicar o número de professores que não irão ter horário no próximo ano-lectivo. Se não indicassem um só docente que pudesse vir a ficar sem serviço, sofreriam sanções. Esta ordem foi ilegítima. Porque as matrículas e a constituição de turmas que delas derivam não estavam concluídas a 13 de Julho. Porque os créditos de horas a atribuir às escolas, em função da deriva burocrática e delirante de Nuno Crato, não eram ainda conhecidos e a responsabilidade não é de mais ninguém senão dele próprio e dos seus ajudantes incompetentes. (…)
Por que foi isto feito? Que sentido tem esta humilhação? Incapacidade grosseira de planeamento? Incompetência? Irresponsabilidade? Perfídia? Que férias vão ter estes professores, depois de um ano-lectivo esgotante? Em que condições anímicas se apresentarão para iniciar o próximo, bem pior? Que motivação os animará, depois de tamanha indignidade de tratamento, depois de terem a prova provada de que Nuno Crato não os olha como Professores mas, tão-só, como reles proletários descartáveis? (…)
Todas as medidas de intervenção no sistema de ensino impostas por Nuno Crato têm um objectivo dominante: reduzir professores e consequentes custos de funcionamento. O aumento do número de alunos por turma fará crescer o insucesso escolar e a indisciplina na sala de aula. Mas despede professores. (…)
Os professores têm a legitimidade profissional de defender os interesses da classe. Digo da classe, que não de cada um dos grupos dentro da classe. E têm a responsabilidade cívica de defender a Escola Pública, constitucionalmente protegida. (…)
há limites para tudo.”
Texto completo (CLICA AQUI !)