terça-feira, 30 de julho de 2013

Ressuscitará?

Foto: Luís Sérgio

Inspirado no” menino de sua mãe” de Fernando Pessoa, aqui vos deixo, um grito de dor, lamento, por um povo subjugado e silenciado pelas gargalhadas das hienas do mais desenfreado capitalismo.


Ressuscitará?

No cantinho europeu abandonado
Que a troica bruta arrefece,
por  portas e coelhos ultrajado
facínoras, de lado a lado,
Jaz obediente, e prostrado.

Um povo sem sangue.
De braços estendidos,
à fome, mendigando, exangue,
Fita com olhar langue
e cego, os céus perdidos.

Que povo! Que povo era!
(agora que (in) dignidade tem?)
Povo único, a mãe lhe dera
um nome e o mantivera:
«Lusitano.»

Caiu-lhe da algibeira
a última migalha breve.
Dera-lhe o FMI. Está inteira
E boa a migalha.

(Um qualquer rato a comerá)
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço para dizer adeus…

deu-lho a chanceler estouvada
que de porco o batizou.

Lá longe, no BCE, há a prece:
“Que pague cedo, e bem!”
(Malhas que Belém tece!)
Jaz morto e apodrece
O Lusitano povo.

Ressuscitará?
Será que se levantará,
Contra os filhos da mãe?

domingo, 21 de julho de 2013

Dividocracia


Dividocracia
Um documentário de 2011 que vale a pena ver ou rever. Para reflectir e arejar as mentes sobre a crise e as dívidas. Para centrar a política naquilo que muitos querem ignorar: a quem serviu a dívida? Quem a deve pagar?

“Documentário que revela a crise económico-social pela qual passam os países periféricos da União Europeia. Vemos como as políticas económicas neoliberais impostas pelos agentes financeiros da UE levam à bancarrota os países de sua periferia e os deixam maniatados às decisões das grandes corporações financeiras extranacionais. O interesse primordial é sempre a defesa dos ganhos dos grandes grupos financeiros dos países mais fortes, principalmente da Alemanha, em detrimento das maiorias populares dos países de segunda linha como Grécia e Irlanda.
O filme também nos mostra que é possível enfrentar com êxito as pressões dos aparelhos ao serviço do capital financeiro mundial (FMI, Banco Mundial, etc.) quando os governantes do país ameaçado têm suficiente dignidade para colocar em primeiro lugar a satisfação das necessidades de seu povo, e não a obsessão por lucros dos magnatas financeiros. É o caso do Equador dirigido por Rafael Correa.

Este documentário expõe a crueldade que move o neoliberalismo em seu afã por ganhar cada vez mais às custas do sacrifício de todos os demais setores da população. Ele também deixa claro que, com a decidida mobilização das maiorias populares, o monstruoso aparato financeiro pode ser derrotado.”
Texto retirado da internet


 


terça-feira, 16 de julho de 2013

A Minha Geração


“Um povo entre a espada e a parede
Neste início da segunda década do século, o ambiente em Portugal é opressivamente depressivo. A crise económica colocou milhões no limiar da sobrevivência. Sobrevivendo, sem qualidade de vida ou conforto material. (…) fecham empresas diariamente, são lançados milhares no desemprego.”
Paulo de Morais, DA CORRUPÇÃO À CRISE Que Fazer?
Os UHF voltaram com “A MINHA GERAÇÃO”, música e letra do melhor, a não perder.
Parabéns a António Manuel Ribeiro e seus companheiros, obrigado pela música e letra que nos trouxeram. Precisamos de gente com imaginação e arte capaz de disparar inteligentemente contra a canalha que nos trama a vida. Tal como vós, estou farto, FARTO, de gente obediente, “de borregos que seguem no carreiro como se nada lhes tocasse.”
 Abraço solidário!
“Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.”
(…)

domingo, 14 de julho de 2013

Carrascos


Atenta inquietude…
“ Muitos dos actores políticos têm exactamente como incumbência encontrar os mecanismos para canalizar verbas para os grupos económicos de que são assalariados ou consultores.”

Paulo Morais, DA CORRUPÇÃO À CRISE Que fazer?

Mais um roubo, mais um atentado aos trabalhadores, aos pensionistas, reformados e desempregados.
O FEFSS – Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social constitui o aforro, a reserva, resultante dos descontos feitos ao longo de anos pelos trabalhadores. Serve para pagar reformas, subsídios de desemprego e outras prestações sociais se o sistema colapsar.
No último dia em que exerceu funções ministeriais o “Mago Gaspar” assinou um despacho que obriga O FEFSS a adquirir 4,5 milhões da dívida portuguesa. Deste modo, tendo em conta os “investimentos” anteriores, o novo Salazar das finanças de falinhas mansas e imperceptíveis obriga o fundo a comprometer-se com 90% da dívida pública portuguesa, correndo o risco de se perder o dinheiro das reformas e pensões. Mas não é isto um roubo, um atentado aos trabalhadores, uma ofensa, uma atitude de carrasco? E chama a outra, a da assembleia, “carrascos” aos trabalhadores que justamente protestam.
A impunidade de quem nos tem governado, ligada a alguma ignorância e má memória de um povo que tem votado em partidos carrascos, na preguiça de procurar alternativas, trouxe-nos a este estado de total achincalhamento dos trabalhadores.
E se um dia em razão de políticas erradas face à dívida o dinheiro do FEFSS for preciso, quem paga as favas? Onde estará o irritante Gaspar? Não será essa a altura certa para o povo acertar contas com os seus carrascos?
As centrais sindicais têm o dever de denunciar mais este roubo ignóbil, isto é terrorismo de estado e o terrorismo de estado deve ser denunciado e combatido com todas forças.
 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Questões centrais.


Se as Portas se fecham irrevogavelmente ou não, se um palhaço sai ou entra, se quem ganhou foi o Porteiro ou o Coelho? Como entraram e saíram da sala de reuniões, se o governo fica mais forte ou mais fraco. Da ausência de credibilidade, afinal quem é melhor para gerir a austeridade: As Portas irrevogavelmente abertas para o tudo e para o nada; o Coelho amanuense e fiel às florestas alemãs; um Inseguro seguramente ávido de poder seguir as pisadas dos antecessores. Se o milhafre de Belém voa, ou se sobrevoa os despojos dos pós-troica é irrelevante. Relevante, central e absolutamente seguro é não podermos confiar e nem nenhuns destes dependentes do dinheiro da política porque há muito juraram fidelidade aos bancos, ao sistema financeiro e seus confrades. Fielmente assessorados pelos inúmeros e ignaros “Corvos” que diariamente poluem as televisões, gastando horas para nos adormecerem, sem uma novidade, sem uma saída para a crise. Por estes dias, as televisões transformaram-se numa espécie de “ Fungagá da Bicharada”, onde de tantos sons de nada, sai poluição sonora. E das questões centrais, as fundamentais, ninguém quer falar, raros são os que as querem discutir: Pagar ou não pagar a dívida dos bancos e dos banqueiros? Será possível pagar a dívida actual? Quem a paga, com que dinheiro? De que nos serve a Europa? O euro faz-nos falta ou é um empecilho? Parafraseando o que se passou na Islândia: Queremos uma democracia ou um sistema financeiro? Se o povo é soberano por que não o ouvem sobre estas e outras matérias?
Não tenho a ilusão vã de pedir a estes senhores que se demitam, apenas e só conclamo todos os cidadãos, todos os democratas e patriotas deste país, a unirem-se e a lutarem por todas as formas e por todos os meios contra este governo de traidores à pátria.

Se outros conseguiram, nós também conseguiremos, e é na sequência disso que vos sugiro a leitura do livro de Marc-Pierre Dylan : O PAÍS QUE NÃO RESGATOU OS SEUS BANCOS - Como a Islândia está a superar a crise sem ficar refém do sistema financeiro.


No momento em que o mundo assiste a uma das mais graves crises económicas e sociais, um país com pouco mais de 310 000 habitantes mostrou às potências europeias como a soberania popular ainda é a verdadeira força da mudança. Saindo às ruas, os seus cidadãos lutaram pelos seus direitos e por se fazerem ouvir, negando-se a aceitar as decisões governamentais. Criaram toda uma forma de enfrentar a vida e a política.
Ólafur Ragnar Grímmsson, atual presidente da Islândia, afirmou: “ As condições de pagamento da dívida são muito injustas, os islandeses vão ter de carregar com uma dívida que são os bancos que têm o dever de assumir”. E depois convocou um referendo em que os islandeses escolheram por esmagadora maioria o “não” ao pagamento da dívida. Grímsson disse ainda: A Islândia é uma democracia, não um sistema financeiro!”
Por tudo isto, o futuro da Islândia é sem dúvida diferente do dos restantes países da Europa. O povo saiu à rua para reclamar a soberania que lhe tinha sido arrebatada por interesses partidários e empresariais.
Este movimento do povo islandês ficou conhecido como A “Revolução Silenciosa”. Graças a ela, agora são os cidadãos que comandam o seu destino e os políticos articulam organicamente os desejos da maioria e não o contrário.”