terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sonho Real

Foto : Luís Sérgio

Porque é Natal e os Reis Magos não encontram o presépio, aqui fica.

Sonho Real

Percorri mais de mil léguas
À procura do caminho
Irreal.
Sentei-me para olhar
O real.
Cansado
Vi o mundo
Dos homens (ir) reais.
Esgotados, enganados,
Alguns esfomeados.
Muitos sem solução
Já não olham o mundo
Não vêem o céu.
Perdidos
Aterrorizados
Fogem da razão.
Homens num labirinto
Rebanho guiado
Num caminho triste
Sem razão,
Sem coração
Sem final.
Esquizofrénicos
Na caverna de Platão
Não aguentam a luz,
A claridade cega-os à razão.
Perdidos no mundo
Prisioneiros na escuridão
Domesticados
E cegos, mais que cegos,
Dobrados, olhos no chão,
Como bestas às voltas no poço.
Olham mas não vêem.
Não querem conhecer
Não querem ver
Não ousam percorrer
O caminho da razão.
Olho-os e choro
Choro e vejo
Esqueletos sem coração,
Marionetas de coro
Mundo triste, perdido.
Corro sem parar
Sem parar
Procuro a razão
O caminho
Real
A solução
A vida
O Homem real.
Não desisto
Não quebro.
O caminho faz-se
Em solidariedade
Percorre-se
Com fantasia
Num sonho
Mais que real.

 
Luís Sérgio


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O monge e o macaco


Foto : L.Sérgio

Os cidadãos que pensam, que se comprometem e que agem, contribuirão para construir uma escola melhor para uma sociedade mais justa.

Miguel Santos Guerra

O monge e o macaco.
Dedicado a todos os meus amigos que fizeram greve e aos outros que não fizeram desta vez, mas farão na próxima. Eles e elas melhor que ninguém entenderão este filme. Compreenderão que a luta não é fácil, e que quando lutamos defendemos valores, defendemos pessoas, defendemos o que de mais nobre existe no ser humano, buscamos algo, mas ao lutarmos não perdemos o norte, nem abdicamos dos nossos princípios, é por eles que pugnamos, é por eles que nos tornamos mais HOMENS, mais autênticos, mais leais, defendendo o que de superior existe: A VIDA. O direito a uma vida digna, sem submissão, sem grilhetas, sem amarras. Nascemos para nascer, vivemos para viver, não para a escravidão. Nascemos e vivemos para criar, para servir a humanidade e a vida, não um grupo de senhores sem princípios e sem valores que se apropriou do mundo e, que pelo medo e chantagem egoísta, vai dominando os mais fracos e os menos capazes. Aprendamos com o “Ragu”, aspirante a monge, que subir a montanha e “ colher “ a fruta sagrada não são nada comparados com a solidariedade e coragem de salvar uma vida. Eu sei que alguns nesse momento difícil da escolha se ficariam pela fruta sagrada, mas esses nunca seriam nem serão meus amigos. Por isso, aqui e agora, o meu muito obrigado a todos e todas que lutaram e lutarão.




Luís Sérgio

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Dia 24


Contra o assalto ao país e, em particular, aos funcionários públicos e restantes trabalhadores.
Em defesa da Escola pública e da dignidade profissional e humana de todos os que nela trabalham e estudam.
Contra o medo.
Contra as medidas terroristas do governo e da troika.
Pela democracia nas escolas, no país e na Europa.
Para que a greve geral nacional faça gelar o riso dos palhaços que todos dias nos roubam os salários, subsídios e as pensões e expropriam o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos.

Ah! E as desculpas…


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Foto de grupo

Com os agradecimentos ao Luís M. que me enviou a foto.

Quando uma imagem diz tudo
Foto de grupo.
Última cimeira de líderes europeus.

sábado, 12 de novembro de 2011

Manifestação da Função Pública

Foto DN
Funcionários públicos de todo o país vão hoje descer a avenida da Liberdade, em Lisboa, em desfile de protesto contra os cortes salariais e dos subsídios de férias e de Natal previstos no Orçamento do Estado para 2012.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Os Filhos da Troika.

Foto : Luís Sérgio


Os Filhos da Troika

Brincando com as palavras. Mini Conto em jeito poético.



1.      Os passos de um camaleão lusitano ao serviço do grande capital financeiro mundial.
O senhor dos passos
chegou
muito lentamente
muito disfarçadamente
muitos enganou.
Colocou-se em bicos de pés.
Muito em bicos de pés
quase  em suspensão.
Não caiu,
muito falou.
Tudo mentiu
tudo aldrabou
e os crentes
os incrivelmente anjos,
muito mais que anjinhos
encantou.
Os fiéis discípulos
santificaram-no
idolatraram-no,
até veio o Álvaro que os pariu
enxertado em frango de aviário
armado em intelectual, espirrou.
Alguns gritaram
Atenção, muita atenção
O Álvaro é filho da troika
e dos passos que o pariram
na toca entroicado.
A alma já vendeu
os salários tirou
os subsídios matou.
Muitos não ligaram…
Alguém os enfeitiçou.
2.     O silêncio dos inocentes
Alguns gritaram,
o coelho roubou
o coelho roubou.
Outros duvidaram
Outros gritaram
Abra-se a caça,
Enviemos para a toca
O filho da troika
que o pariu.
Alguns exclamaram
A dívida é preciso auditar,
Confirmar.
Muitos não ligaram
Poucos tal não consentiram.
Alguns, apenas alguns, gritaram
Não pagar
suspender
rever
É a opção.
Mandaram-nos calar
não passam na televisão
nem restante comunicação.
É preciso amordaçar
não vá o povo acordar
E descobrir a conspiração.
O filho da diabólica troika
riu
Do povo que iludiu.
Pôs o mago Gaspar a perorar
cousa que ninguém entendeu.
Mexe os lábios, será a falar?!
Ou será que nos cuspiu?!
Porque não o entendemos?
E diz alguma coisa.
Se diz é segredo bem guardado,
bem guardado,
se calhar nem falou
se calhar só espirrou
Maldito fariseu.

3.     Caminho para a vida. Direito ao sonho
Um dia,
num belo e inolvidável dia,
os exauridos Públicos
fartos de empobrecer
fartos de sofrer
ao lado dos Precários,
dos Muitos, Muitos Sem Emprego
e outros famélicos
em marcha forçada,
caminharam para a toca gritando :
Expulsemos os pantomineiros
Mais a troika que os pariu.
Foi imensa a confusão,
incomensurável o alarido
turvou-se o céu.
O mago guinchou
a terra escureceu.
No final ganhou a razão
Venceu A VIDA.
O HOMEM olhou,
Contemplou
O azul entre os azuis
e  SONHOU…
E sonha !
E SONHA!

Luís Sérgio Mendes, Outubro de 2011

Nota Final – advertência ao leitor.

Na perspetiva de Proust, o autor tem apenas que fornecer a possibilidade de interpretação (Marcel Proust – sobre a leitura). Nesse sentido, importa esclarecer que os meus queridos amigos, leitores e leitoras, dentro de certos limites, podem ler como muito bem lhes aprouver, assim, onde escrevi “Filhos da troika”, em bom e fiel vernáculo poderá ler-se “filhos da p*.”. Os mais puritanos e mais dados ao eufemismo poderão ler “ Filhos da mãe”. Outros são livres de interpretar como corja, não confundir com um bom livro do esquecido Camilo de Castelo Branco: A CORJA. Esta corja de que vos falo aparece definida no dicionário como: Conjunto de pessoas de má reputação, de mau caráter. Canalha, gentalha, súcia. Estas são apenas algumas das possibilidades de leitura, o leitor poderá descobrir, encontrar outras tantas, mas reafirme-se mais uma vez, que escrevi, apenas e só: “ Filhos da Troika “.
Perdoe-me o leitor estes devaneios, mas, convém que entre autor e narratário tudo fique bem esclarecido não vá aparecer por aí alguém a sugerir interpretações fora do contexto.





terça-feira, 18 de outubro de 2011

Uma Questão de Azul-Escuro


O prazer de ler.

Uma Questão de Azul-Escuro.
Livro sobre a violência nas escolas, nas ruas , na vida…
Sinopse:
Luís insiste em não tirar o fato de treino, que se adequaria aos dias de inverno que já foram embora. A professora, ao chamá-lo de parte para o ajudar a despir a camisola, descobre um mundo de sofrimento tapado pelas mangas e calças compridas - um sofrimento azul-escuro, feito de nódoas negras, uma paralisia assustada e muitos segredos.
Aprender a lidar com a violência e conhecer as ajudas possíveis será o próximo passo. E este será dado por toda a turma.
Apresentação: Por Maria Teresa Maia Gonzalez, dia 19 de Outubro, na sede da APAV.
DE NOME ESPERANÇA
A diferença, a loucura, o estigma…

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A Democracia Sai à Rua .

Foto : Luís Sérgio

Temos voz, tantas vozes; temos rosto, tantos rostos. As ruas hão-de receber-nos, serão pequenas para nós. Sabemos formar marés, correntes. Sabemos também que nunca nos foi oferecido nada. Cada conquista foi ganho milímetro a milímetro. Antes de estar à vista de toda a gente, prática e concreta, era sempre impossível, mas viver é acreditar. Temos direito à esperança. Esta vida pertence-nos.
José Luís Peixoto


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Comemorar o Medo


Comemorar o Medo
Com os agradecimentos à M.J. e ao Luís do Paço.
Mia Couto na conferência de Segurança do Estoril :
“ ...há quem tenha medo que o medo acabe. “




sábado, 8 de outubro de 2011

Petição Pública



Manifesto contra as contratações de escola
Contra o compadrio; as cunhas; o tráfico de influências; as contrapartidas políticas, os favores sexuais e outras indignidades.
Pela valorização da certificação universitária e da graduação profissional. Pela transparência.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A Guerra Dos Mascates


O prazer de ler.
…o novo romance de Miguel Real, A Guerra dos Mascates, que – no ciclo brasileiro – se situa imediatamente antes de A Voz da Terra (galardoado com o prémio Fernando Namora e finalista do prémio da APE) e não lhe fica nada atrás. Mais romântico do que de costume, a obra recupera algumas personagens já conhecidas dos leitores fiéis deste autor (Julinho Fernandes e Violante Dias) e pretende continuar um romance homónimo de José de Alencar do século XIX, no qual se descreve uma guerra entre as cidades de Olinda e Recife no início de Setecentos, mais concretamente entre os ricos detentores dos engenhos de açúcar (os mazombos) e os comerciantes pobres a quem esses obrigam a pagar avultados impostos (muito actual, parece-me). Mas, entre os intervenientes deste confronto, para além da invenção delirante de um Lula Aparecido da Silva, há personagens absolutamente deliciosas – do mais cândido ao mais maligno – e amor e ódio em partes iguais. Vamos lá ver se é desta que arrecadamos o prémio que ficou para trás.
Texto de Maria Do Rosário Pedreira, publicado no blogue : Horas Extraordinárias .

domingo, 2 de outubro de 2011

Direito à vida.

Foto : Luís Sérgio

Se te quiserem convencer, vida, de que é impossível, diz-lhe que vamos todos em teu resgate, faremos o que for preciso e diz-lhes que impossível é negarem-te, camuflarem-te com números, diz-lhes que impossível é não teres voz.”
José Luís Peixoto
Contra o desemprego!
Contra o roubo nos salários e no subsídio de natal!
Contra a dívida e os serventuários da troika!
Pelo direito à vida!



domingo, 25 de setembro de 2011

Então e os directores. Pá!

Foto : Inês Mendes

Ao cuidado de:
 Sr. Ministro da educação, Professor Doutor Nuno Crato;
Partidos políticos;
Sindicatos;
Directores escolares;
Professores e restantes funcionários das escolas e agrupamentos escolares;
Cidadãos em geral.

Então e os directores. Pá!

Segundo o DN os directores escolares andam preocupados porque não têm quem os avalie. Até avançam algumas soluções para resolver a questão, inclusive o adiamento, visto que ninguém progride. Estranho é que não se tenham lembrado dessa ideia quando se tratou de avaliar os colegas. Nenhumas das propostas avançadas pelos senhores directores me parecem sensatas, pelo menos das que foram divulgadas. A maior parte, como sabemos, trabalhou servilmente recorrendo a todos os folclores possíveis e imaginários para mostrar serviço às DREs, e, agora, vê a sua subserviência ir por água abaixo sem a respectiva compensação. Temos pena, muita pena! Por isso, queremos ajudar. Em primeiro lugar, não queremos que tão excelsos servidores do estado fiquem sem avaliação, eles que tanto a adoram (realmente este mundo é cruel, como podem estas almas passar sem avaliação …). Segundo - pretendemos aproveitar para ver quem tem “costela democrática e exige ser avaliado por aqueles que supostamente dirige. Vá lá, não tenham medo da arraia-miúda… Terceiro – aproveitar esta janela de oportunidade (que bonito não é?) e dar largas à reivindicação da autonomia tão desejada por alguns. Mas como?
- Propor de imediato que os partidos legislem no sentido de os senhores directores serem avaliados por todos os professores e funcionários dos agrupamentos  de forma anónima. Confesso que não encontro melhor forma de avaliar um dirigente, seja ele qual for: ser avaliado pelos que dirige, pelos que “sentem na pele a qualidade ou não das suas decisões, pelos que “sentem na pele” a justiça ou não da sua actuação. Cumpria-se assim um dos desígnios da autonomia e, por outro lado, aferia-se do estado de satisfação com o tipo de gestão que impera nas escolas.
Terão os sindicatos coragem para aproveitar a oportunidade?
Serão os senhores “chefes” homens suficientes para aceitar a avaliação feita por quem realmente sabe o que eles valem?
Será que o ministério quer mesmo a autonomia?
Ao terceiro dia, Deus disse: “ avaliai-vos uns aos outros “. Será que vamos perder esta oportunidade e por em causa a fé democrática?


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Brincar com o fogo.


Foto : L. Sérgio


Brincar com o fogo.

 Deixa estar, jacaré, que a lagoa há de secar.  

Parece-me que alguém anda a brincar com o fogo e ainda não percebeu. Nos últimos tempos, sempre que dá entrevistas, o Senhor Ministro da Educação fala em concursos locais de colocação de professores, percebe-se claramente que se prepara para atacar o concurso nacional de professores. Num afã descentralizador(será desresponsabilizador?) que, na prática, configura uma concepção de escola como uma fábrica onde os operários são explorados até ao tutano, entende-se que escolher os trabalhadores (professores) é missão do patrão, do capataz, que subjugando-se ao jugo autárquico escolherá não os melhores, os mais bem preparados, mas os subservientes, os da cor, os afilhados do padrinho com mais poder e mais influência no meio. Propor a contratação de professores a nível local, seja pelas câmaras, ou pelas escolas, num país onde em muitas autarquias a corrupção e o compadrio são dominantes significa o fim do professor, é descer a um nível muito abaixo do que se viveu nos piores tempos do salazarismo. Outro aspecto ligado ao da colocação de professores é o da autonomia das escolas, se se entender por autonomia, dar mais poderes aos directores, mais não é, em grande parte dos casos, do que reforçar as “ Ilhas de tirania” em que se transformaram as escolas, como escreveu há algum tempo o professor Santana Castilho.  Reforçar os capatazes para eles subjugarem os operários, impondo-lhes ritmos de trabalho absolutamente insuportáveis para depois medir resultados, poderá iludir e aparentemente parecer medida acertada, mas o tempo, como sempre, mostrará que esta via não será aceite nem pelos professores, nem pela sociedade em geral. Oprimir a maioria retirando-lhe vida e, sobretudo qualidade de vida, em favor duma minoria tirânica, doentia e sem valores, aguenta-se por algum tempo, até pode durar, os tiranos e os ditadores normalmente demoram a cair, só que transportar a canga faz ferida, e esta dói, e o que dói revolta, e a revolta faz os homens e as mulheres crescer, liberta-os e traz-lhes liberdade. Pensar que a Escola e os professores estão domesticados é só aparência, porque a toupeira anda aí. Na verdade, nós não somos a Grécia, mas estamos a ficar gregos, cada vez mais gregos e, de tantos nos vermos gregos, isto explode. Por isso mesmo, se calhar, não é boa política brincar com o fogo…
Ainda sobre a autonomia das escolas e a contratação de professores, o colega Octávio Gonçalves, no seu blogue escreve o seguinte: “
“…convém ter presente que depois das amizades, dos tráficos de influências e das fidelidades ou dependências políticas vêm as contrapartidas de várias naturezas, incluindo as relativas a favores sexuais e outros.
Num país de compadrio, de cunhas, de apadrinhamentos elitistas e de tráfico de favores, a autonomia das escolas, como alguns a parecem querer gizar, será um desastre absoluto (defender que a subjectividade e a parcialidade de um director se deve sobrepor, em termos de contratação de docentes, à certificação universitária e à graduação profissional é uma imbecilidade própria de bandalhos que, porventura, subiram na vida, eles próprios, à custa dos arranjinhos) …”
Octávio V. Gonçalves (No blogue com o mesmo nome)


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

VOLTAR.


Foto : Luís Sérgio


Não voltes a um sítio onde já foste feliz, dizem. Os professores estão condenados a voltar a um sítio onde foram felizes, pois é, foram! Outros infelizmente nem isso, são desterrados, enviados para lado nenhum, sem sequer sair de casa. Triste fado o desta profissão, ao que isto chegou, só se está bem onde não se está. Mas será que estamos condenados a ser felizes num outro tempo, noutra escola, noutro país, noutra vida. Será útil, tem sentido vivermos na saudade, no passado e embarcarmos na barca infernal sem termos cometido pecado algum. Temos ou não direito à vida, a uma vida melhor? Como escreveu o J.L. Peixoto: Vida, se nos estás a ouvir sabe que caminhamos na tua direcção. A nossa liberdade cresce ao acreditarmos e nós crescemos com ela, tu, vida, cresces também (…) Diz-lhe que impossível é negarem-te, camuflarem-te com números, diz-lhes que impossível é não teres voz”. Pois é, está difícil, mas a única coisa de que devemos ter saudades é do Futuro, do Futuro Hoje, aqui e agora. Está nas nossas mãos ser felizes, escolher a felicidade, o direito à vida. Está nas nossas mãos olhar o futuro, perseguir o azul está ao nosso alcance e, quando nos quiserem mostrar o contrário, resistir, resistir sempre. Nada nos obriga ao inferno, o segredo está na escolha, na opção que fizermos. Numa das minhas incursões literárias de férias reli As Cidades Invisíveis de Italo Calvino. Se calhar, como este ano as viagens ficaram aquém do esperado, refugiei-me na ficção, e não é que com Calvino relembrei como olhar o mundo, e, deste modo, reaprendi que é possível contrariar o que afirmei no início do post, ou seja, é possível voltarmos à escola e continuarmos felizes. Até parece mentira! Meus amigos, colegas, leitores, se tiveram paciência, e, por alma vá-se lá saber de quem me conseguiram acompanhar até aqui, não desistam agora, e vejam como termina este magnífico livro de Calvino que tomo a ousadia de vos aconselhar: E já o Grão kan folheava no seu atlas os mapas das cidades que nos ameaçam nos pesadelos e nas maldições: Enoc, Babilónia, Yahoo, Butua, Brave Nem World. (…) E Polo : - O inferno dos vivos não é uma coisa que virá a existir; se houver um, é o que já está aqui, o inferno que habitamos todos os dias, que nós formamos ao estarmos juntos. Há dois modos para não o sofrermos. O primeiro torna-se fácil para muita gente: aceitar o inferno e fazer parte dele a ponto de já não o vermos. O segundo é arriscado e exige uma atenção e uma aprendizagem contínuas: tentar e saber reconhecer, no meio do inferno, quem e o que não é inferno, e fazê-lo viver, e dar-lhe lugar.”

Bom ano lectivo a todos,
Grande abraço de solidariedade.

Vejam Bem …