domingo, 27 de maio de 2012

Examinai


Foto: L. Sérgio


Para os que olham à superfície e acreditando em boatos não param para pensar, aqui ficam um poema e uma canção que também é poema. Há algo para lá da aparência, existe um rosto por detrás da máscara. Examinai, o nevoeiro não faz a cidade, as coisas existem por si. Desconfiai …pois é possível mudar.

Brecht (esquecido)
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural.
Pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,                                    
nada deve parecer natural.
Nada deve parecer impossível de mudar.

Berttold Brecht (1898 - 1956)

domingo, 20 de maio de 2012

Por uma Gestão Escolar Democrática – Parte 4.

Foto : L. Sérgio


Desmascarar a fraude.

"Ninguém se banha duas vezes na àgua do mesmo rio".

Heráclito



A história já tem “barbas”.

 Em junho de 2008, numa “ Carta Aberta à Comunidade Educativa do Agrupamento de Escolas de Rio de Mouro”, assinada pelos três Vice-Presidentes do Conselho Executivo, estava tudo.

Já nessa altura se considerava fundamental:

 “o trabalho de equipa mas, para isso é necessário existir o debate livre das diversas concepções, o confronto de ideias, o espírito democrático e crítico, a partilha das decisões, princípios que foram sendo cada vez mais difíceis de concretizar.”

Carta à comunidade educativa


Como pessoas de bem, acreditavam os três Vice-Presidentes, no momento da eleição:

“(…) que, em equipa, seria possível construir uma escola com base na justiça e imparcialidade, competência, responsabilidade, proporcionalidade, transparência e boa fé.”

Carta à comunidade educativa.


Destruídos os sonhos, desenganados pelos factos e pela terrível realidade, tomaram a única atitude que pessoas de princípios democráticos e de carácter devem tomar nestas alturas: demitir-se, denunciar a situação e deixar aos órgãos próprios e à restante comunidade espaço de atuação.


Decidimos por isso, manifestar a nossa indisponibilidade para continuarmos a exercer as funções para as quais fomos eleitos. As razões que nos assistem, têm como base divergências profundas com o Ex.mo Sr. Presidente do Conselho Executivo, nos domínios ético, pedagógico e profissional.”

Carta à comunidade educativa


Como foi possível a recondução do sujeito bem determinado que provocou toda esta situação, é algo que ainda não está bem esclarecido. Pois, ao invés de se decretar uma auditoria às atitudes e comportamentos; denunciar o caso à IGE; marcar novas eleições e deixar que a comunidade se pronunciasse. A assembleia do agrupamento assustada talvez com o aproximar do final do ano letivo, numa votação por braço no ar, aprova a recondução com nova equipa. Esqueceu-se que o Conselho Executivo fora eleito com 4 elementos, 3 saíram e foi como se nada acontecesse. O sujeito bem determinado continuou a sua sanha persecutória contra todos os que se lhe opunham, incluindo, mais tarde, o autor destas linhas, quando regressou à escola. Pelo caminho ficou entretanto a sua recondução no novo cargo de diretor, num modelo, agora concursal, sem participação direta de professores e funcionários do agrupamento.

É suposto o homem aprender com os erros, estejamos vigilantes para que o que falhou no passado não se repita. E de uma vez por todas, todos e todas percam o medo e ousem denunciar tudo o que sofreram, tudo o que viram e sentiram. Investigue-se tudo, audite-se o que tiver de ser auditado, mas que nenhum homem ou mulher de bem fique indiferente. Faça- se justiça!





domingo, 13 de maio de 2012

Obsessão de Poltrona


Obsessão de Poltrona

Ando a reler um livro de Joaquín Lorente, a dado momento, faz uma reflexão sobre o poder e o exercício do poder nas empresas e na sociedade em geral. Lembrei-me da escola, da “nossa” querida e amada escola, a quem tudo o que ele escreve se aplica. Mais, infelizmente, o que abaixo transcrevo aplica-se a quase toda a gestão portuguesa, da mais baixa à mais alta, aqui fica:
“ Tem-no à sua frente, puxando dos seus galões e de corpo presente, a três metros de distância. Está à cabeceira da grande mesa de reuniões e faz muito mais do que presidir à reunião: controla-a, manipula-a à sua vontade, decreta, antevê, promove, destrói, exalta-se, ouve-se a si próprio, ouve-se a si próprio, ouve-se a si próprio…Contradizê-lo é um ataque mesquinho, discutir com ele é um bilhete de incineração laboral…porque ele sabe tudo, intui, controla e decide. Conheci alguns desses passarões burros. Padecem de uma doença chamada “obsessão de poltrona”.(…) O seu grande interesse concentra-se em aquecer e chocar os seus próprios ovos: em servir-se da poltrona em vez de servir a poltrona. (…)
     Chegará o dia em que a democracia, para nosso e seu próprio bem, será reformulada: temos de torná-la mais democrática, fazer descer dos pedestais certos bonzos. “
Desculpem-me a longa citação, mas, não podia passar sem partilhar com os meus amigos e leitores toda a verdade deste excerto. Toda a denúncia da negação da democracia, da participação, do humanismo. E será que isto tem alguma coisa a ver com a ausência de uma Gestão Escolar Democrática?
PS
Os sublinhados da citação são da minha responsabilidade