domingo, 23 de junho de 2013

O sofisma discente.

Foto: Luís Costa

O Mata-Professores. Versão 2013.
Cinco pontos de total discórdia com uma mente refém de espíritos erro cráticos.
Radicalmente instalado no sofá do poder, o ministro Nuno Arrobas, vem revelando cada vez mais a sua faceta de Mata-Professores. Sem corar de vergonha e de falinhas mansas vem acusando os professores de, com a sua luta, tornarem os alunos reféns.

Mas, afinal, o que move D. Crato, desde quando está preocupado com os alunos?!
Por onde andou, em que navio navegava o ministro quando o seu ministério aumentou o número de alunos por turma. Por esta altura, o Sr. Arrobas estava preocupadíssimo com os alunos? É que, se os professores tivessem 30 alunos numa sala em vez de 20 ou 22, mais facilmente poderiam colocar em prática pedagogias diferenciadas, e, sobretudo, mais que tudo, a atenção a dar aos alunos cresceria exponencialmente numa multiplicação, só entendível, só compreensível, por um espírito aritmeticamente iluminado. Não me lembro, que tenha vindo a terreiro, encomendar entrevistas, a acusar o seu ministério de estar refém de interesses economicistas em detrimento das condições de trabalho e da atenção aos alunos em sala de aula. Isto sim mostraria a sua independência, a sua preocupação com o mérito e com o sucesso. Mas, se calhar nessa época, chovia, e as mesmas águas que impediram a nossa economia de crescer levaram na enxurrada as ideias do Crato do plano inclinado que, de tanta inclinação desabou nas mais nefastas práticas de um neoliberalismo sem freio e sem vergonha.
Sabe Sr. Nuno Arrobas, eu que conheço melhor as escolas que o ministro Crato. Desafio-o a provar publicamente o contrário, digo-lhe que nas escolas portuguesas não há professores a mais, o que existe claramente é ministério da educação a menos, ensino a menos, condições de trabalho e apoio aos alunos a nível zero, com economia aos serviço do IV Reich a mais. Mas, colocando a hipótese mentirosa, falaciosa e enganadora de que temos docentes a mais, de que modo seria possível requalificá-los e não despedi-los? Já agora, por favor, ensine os verbos aos senhores do seu governo, diga ao Rosalino e ao Casanova, que requalificar é um verbo transitivo que significa tornar a qualificar; qualificar de novo e não como eles pensam e dizem à boca cheia: despedir e terminar o vínculo laboral. Há dias, ouvi do Sr. Rosalino uma pérola que me provocou náusea, quando ele afirmou em entrevista ao “diário económico”, que não há despedimentos na função pública: “quando terminam a mobilidade especial as pessoas não são despedidas, perdem o vínculo, não há despedimento“. Cito de cor, não escrevo mais senão ainda dou algum murro na secretária e o desvio colateral já vai longo. Estava eu a falar de que modo seria possível requalificar os professores. Convém frisar que entendo que os professores não precisam de requalificação, os professores das nossas escolas têm as qualificações mais do que suficientes para exercer a sua função, e são obrigados a frequentar formação toda a vida. Diga-me qual a outra profissão em que existem mais licenciados, mestres e doutorados por km2? Falar em requalificação para a docência é sinal de ignorância, má-fé ou quiçá, provocação.
Apesar de tudo, e para irmos ao que interessa, imaginemos que por um drástico abaixamento do número de alunos sobravam alguns horários de professores. Que poderia e deveria fazer um ministro preocupado com o mérito, com o sucesso dos alunos, e acima de qualquer suspeita põe os alunos reféns das condições de trabalho e está preocupado em lhes garantir todos os recursos humanos e outros? A ser verdade, o senhor seria um homem de sorte.
 Primeiro - Teria aquilo que muitos sonharam e não conseguiram, baixar de uma vez por todas o número de alunos por turma: 20, 22 no máximo.
Segundo - Ficaria com professores disponíveis para o apoio a todos os alunos que efetivamente o necessitassem.
Terceiro Resolveria uma pequena parte da indisciplina que grassa nas nossas escolas.
Quarto Nalguns casos, depois de devidamente avaliada a situação, seria possível colocar dois professores em aula, podendo diversificar as estratégias e reforçar o apoio no momento de ensino/aprendizagem.
Quinto Atribuiria mais horas aos Diretores de Turma, para que sem perda da sua sanidade mental e saúde física consigam resolver todos os problemas e façam um acompanhamento efetivo dos alunos.
Chegados aqui, aplicadas estas poucas e simples medidas, concluiríamos que há escola a mais para tão poucos professores. Faça as contas e verá que tenho razão. Some todas as horas, minutos e segundos que já nos roubou e na sua consciência poderá constatar que pretender alargar o horário dos professores para as 40 horas é não perceber nada de ensino, muito menos de educação.
Reduzir o professor à condição de operário fabril que cumpre ao limite do seu esforço intelectual e físico uma tarefa angustiante é revelar uma concepção de professor, capaz de se enquadrar numa visão proto industrial da exploração capitalista, nunca uma visão de um professor disponível para o conhecimento e para o trabalho numa escola pública de sucesso.
Por último, senhor Nuno Arrobas, liberte-se das amarras de amanuense do IV Reich e explique aos alunos e aos pais por que razão o senhor é incapaz de aplicar as medidas que acima enunciei.
Diga-lhes quem é que está refém das greves, explique-lhes porque não quis “ceder” antes dos professores, em nome da sua dignidade, em nome dos alunos, em nome da docência, em nome da escola pública, em nome do país, em nome da decência, não terem outra alternativa senão lutar.
O senhor e o seu ministério roubaram-lhes o prazer e a vontade de ensinar, roubam-nos a vida e ainda querem que lhes agradeçamos. Mas estava à espera de quê? - De mais um milagre da Sra. de Fátima.


 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Obrigado professores !

 
Foto Lusa. Hugo Delgado



 
Greve geral de professores.
Adesão de 90%
Segundo as organizações sindicais:
“ (…) a realização dos exames só foi possível com o recurso a ilegalidades e arbitrariedades “ e “compete agora à Inspeção Geral de Educação (IGE) agir em conformidade (…)
          Intervenção de vigilantes não docentes
  • Recurso a docentes da disciplina (Português)
  • Redistribuição de alunos por sala
  • Substituição na hora de elementos do secretariado de exames sem ouvir o Pedagógico
  • Realização de exames em refeitórios
  • Substituição de professores, em violação da lei da greve
  • Pais a vigiar.”
Mas, atenção: A luta continua.
                       Tem de continuar!
 

sábado, 15 de junho de 2013

Dia D


17 de Junho um dia decisivo . Um blogue, CIVIDADE docente:

“A greve dos professores ao exame de Português do 12º ano, convocada para o próximo dia 17 de Junho, é talvez a greve mais importante da sua história recente. Em pouco tempo, os professores mobilizaram-se e organizaram-se com uma intensidade e determinação que poucos pensavam que fosse possível. O aumento do horário de trabalho de 35 para 40 horas semanais e o despedimento colectivo que se pretende efectuar de professores do quadro e de professores contratados, foi a gota de água que fez transbordar uma taça já cheia de humilhações e prepotências levadas a cabo pelos governos de Sócrates e pelo governo actual de passo Coelho e Paulo Portas.”
LER mais, in:
CIVIDADE docente

Blogue de professores que pugnam por uma educação de qualidade na escola pública.

 
Lê, participa e divulga !

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O que está em causa.


Santana Castilho, declarações à Antena 1 :
o júri nacional de exames não tem nenhum vínculo hierárquico com os directores das escolas nem com os professores, para fazer isso.
Aquilo que foi feito foi uma 'orientação'. É esse o título de um e-mail que chegou às escolas: uma 'orientação'. Ora isto, em meu entender, não obriga as escolas. Isto denota uma grande cobardia por parte de um ministro que, além de mentiroso, de facto, é cobarde. Incumbe um júri nacional de exames de tomar uma medida que vale o que vale.

Os professores em greve não têm que comparecer na escola.

É isso que está aqui em causa. É isso que se joga! É defender uma escola pública para todos os portugueses! Que é um valor constitucional, é um valor civilizacional, é um instrumento da soberania do país! E impedir que se instaure uma escola privada para os ricos e uma escola limitada para os pobres. É esta a questão! É isto que os portugueses têm que perceber e é por isto que os professores estão em luta!
É isso que está aqui em causa, de facto, em minha análise, E ESPERO BEM QUE OS PROFESSORES PORTUGUESES PERCEBAM A RESPONSABILIDADE QUE TÊM NESTA ALTURA. Foi tarde, mas finalmente, parece que alguma coisa está a acontecer neste país!»

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O momento da verdade


A 17 DE JUNHO SOMOS NÓS QUE “VAMOS” A EXAME
DEPOIS DE 17 DE JUNHO TEREMOS O QUE ESCOLHERMOS
COLEGAS, confrontados com uma “pérola” que dá pelo nome de Mensagem n.º 8 do JNE, o dia 17 de junho tornou-se para todos (mesmo todos) o dia da afirmação ou do “achincalhamento” definitivo da classe docente.
Não pode haver qualquer convocatória que interfira com o direito à greve constitucionalmente definido. Uma convocatória, seja de quem for, não é requisição civil nem configura serviços mínimos. Portanto só não faz greve quem não quer. Só se efetuarão exames se NÓS quisermos.
O dia 17 servirá para “separar o trigo do joio”. No dia 17, com todos convocados, saberemos quais são aqueles que avalizam as medidas que pretendem“espezinhar” os professores e subverter completamente o ensino público em Portugal. No dia 17 não haverá contratados ou efetivos ou QZP’S. Seremos todos apenas PROFESSORES, sem qualquer distinção de vínculo ou função exercida, desde quem leciona a quem dirige. Depois do dia 17 teremos aquilo que NÓS, OS PROFESSORES ESCOLHERMOS.
No dia 17 cada um de NÓS terá que fazer uma escolha. Mas depois do dia 17, cada um terá que viver com a escolha que fizer nesse dia. Cada um terá que ter“arcaboiço” para aguentar com as consequências menos boas que
advenham da sua própria escolha.
E nenhum dos que escolherem pelo facilitismo e pelo “deixa andar que não é nada comigo”, poderá no futuro esperar qualquer gesto de compreensão ou apoio por parte dos que não viram a cara à luta, quando se virem sem horário, sem emprego, sem rendimento ou com o rendimento reduzido, ou quando os mandarem “requalificar-se”.

A HORA DA ESCOLHA SERÁ NO DIA 17


João Aristides Duarte

sábado, 8 de junho de 2013

Os Palhaços e a crise.

Retirada do blogue : Diário Metafísico
 


Os Palhaços e a crise.
Os palhaços e a crise ou da crise dos palhaços ou de como os palhaços sofrem com a crise. Apesar da chuva, do 13 de maio e de outros milagres que não contemplam o povo. Vou falar-vos de palhaços, sim dos verdadeiros, não dos petulantes e dos que por imagem metafórica se vão associando, nada de sentidos figurados, de segundas interpretações, o palhaço de que vos quero falar é, segundo o dicionário: personagem cómica e burlesca de circo que diverte o público com facécias , anedotas, etc. Este de que vos falarei não usa a “palheta” para enganar o povo. É verdadeiro e leal, é um pobre e triste palhaço que a crise de outros atirou tristemente, irremediavelmente, para a valeta da vida, às esmolas, sem sorriso e sem pão. Nada, mas nada, tem a ver com outros a quem erradamente chamam palhaços, tais outros e outras são bem piores, são personagens do mais funesto filme de terror, por isso, chamar-lhes: Arlequins; saltimbancos; bobos ou mesmo palhaços a ofensa é sempre para estes últimos, os genuínos, os profissionais sinceros que desde menino aprendi a admirar e respeitar.
A que propósito vem toda esta atividade circense é coisa que vereis e me tocou. Tudo isto que vos parece metafísico, é, infelizmente, muito real. Quem dera não fosse, e os verdadeiros palhaços pobres fossem mesmo os outros, os indigentes que nos gozam e desgovernam.
Vamos então à história, um dos vários blogues que sigo e leio com atenção, é o DIÁRIO METAFÍSICO, da jornalista Ana Catarina Santos. Bem escrito, temas diversificados. Lê-se com prazer e não cansa. No dia 21 de maio, vi e li por lá um “post” intitulado : “Palhaços, eles” que me sensibilizou e me fez pensar nos tempos que correm, na falta que faz muita coisa e nesta coisa tocante, triste, da austeridade, a bruta austeridade, dos canalhas obrigar um palhaço a mendigar um sorriso. Mas, por favor, leiam e comovam-se como eu me comovi quando pela primeira vez li o artigo. Ali sim, vi uma metáfora, das melhores e mais tristes sobre os BRUTOS que governam o mundo.