Foto : Luís Sérgio
Porque é Natal e os Reis Magos não encontram o presépio, aqui fica.
Sonho Real
Percorri mais de mil léguas À procura do caminho Irreal. Sentei-me para olhar O real. Cansado Vi o mundo Dos homens (ir) reais. Esgotados, enganados, Alguns esfomeados. Muitos sem solução Já não olham o mundo Não vêem o céu. Perdidos Aterrorizados Fogem da razão. Homens num labirinto Rebanho guiado Num caminho triste Sem razão, Sem coração Sem final. Esquizofrénicos Na caverna de Platão Não aguentam a luz, A claridade cega-os à razão. Perdidos no mundo Prisioneiros na escuridão Domesticados E cegos, mais que cegos, Dobrados, olhos no chão, Como bestas às voltas no poço. Olham mas não vêem. Não querem conhecer Não querem ver Não ousam percorrer O caminho da razão. Olho-os e choro Choro e vejo Esqueletos sem coração, Marionetas de coro Mundo triste, perdido. Corro sem parar Sem parar Procuro a razão O caminho Real A solução A vida O Homem real. Não desisto Não quebro. O caminho faz-se Em solidariedade Percorre-se Com fantasia Num sonho Mais que real.
Luís Sérgio
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