sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Aníbal fiscalizador

O Aníbal fiscalizador.

Dentro do labirinto
do labirintodonte
há um gigante
a guardar uma ponte.

( Ainda hoje me pergunto o que seria )

“ Não te preocupes com o que o presidente quer dizer, escuta apenas o que diz. E se não compreenderes o que diz não te preocupes.”
“ Não me preocupe? Não me preocupo como?”
“ Vai dar uma volta, arejar, e voltas a mergulhar nas grelhas e nos relatórios num outro dia qualquer.”
“Hum…”
“Hum, nada.”
“Hum…”
“Sabes o que é um condor?”
“ Não exactamente…”
“É uma ave de rapina. Vive em Belém, lá bem nos picos. É capaz de levar um cordeiro pelos ares.”
“E?”
O Aníbal passou-me a folha. Era um microconto de Maria Rodrigues Vilar “chamado “Como destruir a escola. Uma aventura sem lei”. História trágica; dantesca; fraude iníqua; com terror sem fim, ou coisa que o valha. Com prefácio do insigne, douto, professor e mestre Sabetudo, sobretudo, de avaliação, engenheiro de domingo, senhor Sousa, e nela estavam escritas apenas as seguintes palavras:
Quando acordou o dinossauro ainda estava lá.
“ Parece giro. O homem sonha com a avaliação, mas, quando acorda descobre que, depois de tantos avanços tecnológicos, há coisas e pessoas que ainda estão na idade da pedra.”
“Porreiro Pá, nada mau.”

Adaptação de texto a partir do livro de Rui Zink : O Aníbaleitor

Nota final: A compreensão deste texto só será total se for acompanhada da leitura do post anterior: O LACAIO.

6 comentários:

  1. EXCEPCIONAL caro Luís Sérgio!

    Adaptado ou não de um texto, o mais surpreendente é que o conseguiste adaptar à nossa realidade. Ou antes, é a nossa realidade!...

    PARABÉNS! MUITOS PARABÉNS!

    Grande abraço

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  2. Já que o homem sonha (não o homem do teu post, mas o homem NÓS!) e sempre que o homem sonha o mundo pula e avança, quero deixar-te aqui um poema de um excepcional pedagogo:


    Pelo sonho é que vamos,
    comovidos e mudos.

    Chegamos? Não chegamos?

    Haja ou não haja frutos,
    pelo sonho é que vamos.
    Basta a fé no que temos,
    basta a esperança naquilo
    que talvez não teremos.
    Basta que a alma demos,
    com a mesma alegria
    ao que desconhecemos
    e ao que é do dia-a-dia.

    Chegamos? Não chegamos?

    ─ Partimos. Vamos. Somos.


    Sebastião da Gama
    Pelo sonho é que vamos
    Lisboa, Ed. Ática, 1992

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  3. Caro Colega !
    Excelentes texto, o do lacaio está também muito bom. Para completar a ideia da faceta "obtusa de Cavaco deixo este linK:

    http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/ensino/presidente-procura-virgula-fora-do-sitio

    Presidente procura vírgula fora do Sítio.
    Num gesto de boa vontade diremos que se trata de má-fé. Mas o Luís já respondeu e muito bem.
    Obrigado !
    Grande abraço de solidariedade !

    Pedro
    Pedro

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  4. Sérgio !
    Afinal, Dom cavaco está no seu melhor. ele sempre foi o fiel amigo de Sócrates. Nunca esperei nada de bom deste senhor, nunca mereceu nem deve merecer a consideração dos professores. Lembro-me bem dos pareceres do DR. Garcia Pereira que apontam diversas inconstitucionalidades na lei da avaliação e não só, Que fez o senhor António ? Acaso, mandou fiscalizar a lei ?! Pudera. Agora sim, já se preocupou, este senhor tem a mínima ideia do que esta tralha representa para as escolas ?
    Esta geração de políticos não presta, temos de correr com eles.
    Grande abraço,
    Gostei muito dos textos.

    Filipe

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  5. Caros amigos !
    Muito obrigado pelo vosso contributo, continuemos pois a sonhar, porque enquanto sonhamos : "partimos, vamos e somos."

    Grande abraço
    Luís Sérgio

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  6. Caro Luís Sérgio !
    Este senhor desiludiu-me completamente.
    Obrigada pelos textos.
    Bjs,
    Professora

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