terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sonho Real

Foto : Luís Sérgio

Porque é Natal e os Reis Magos não encontram o presépio, aqui fica.

Sonho Real

Percorri mais de mil léguas
À procura do caminho
Irreal.
Sentei-me para olhar
O real.
Cansado
Vi o mundo
Dos homens (ir) reais.
Esgotados, enganados,
Alguns esfomeados.
Muitos sem solução
Já não olham o mundo
Não vêem o céu.
Perdidos
Aterrorizados
Fogem da razão.
Homens num labirinto
Rebanho guiado
Num caminho triste
Sem razão,
Sem coração
Sem final.
Esquizofrénicos
Na caverna de Platão
Não aguentam a luz,
A claridade cega-os à razão.
Perdidos no mundo
Prisioneiros na escuridão
Domesticados
E cegos, mais que cegos,
Dobrados, olhos no chão,
Como bestas às voltas no poço.
Olham mas não vêem.
Não querem conhecer
Não querem ver
Não ousam percorrer
O caminho da razão.
Olho-os e choro
Choro e vejo
Esqueletos sem coração,
Marionetas de coro
Mundo triste, perdido.
Corro sem parar
Sem parar
Procuro a razão
O caminho
Real
A solução
A vida
O Homem real.
Não desisto
Não quebro.
O caminho faz-se
Em solidariedade
Percorre-se
Com fantasia
Num sonho
Mais que real.

 
Luís Sérgio


8 comentários:

  1. Caro amigo Luís Sérgio:

    Primeiro que tudo, quero desejar-te, assim como à Auda e à Inês uma Boa Quadra Natalícia e que 2012 seja melhor que a porcaria deste ano que acaba de acabar... só dia 31!

    Em segundo lugar e sobre a tua fantástica escrita atrevo-me a acrescentar o seguinte:

    1º - Estamos rodeados de "montes" destes que Olham mas não vêem. / Não querem conhecer / Não querem ver /Não ousam percorrer !O caminho da razão. - O que não quer dizer que tenhamos a razão absoluta...

    2º - Há muitos que nos querem Domesticados / E cegos, mais que cegos, / Dobrados, olhos no chão, / Como bestas às voltas no poço. Para esses, Foas Bestas e Neliz Fatal...

    3º - Não desisto / Não quebro. /O caminho faz-se / Em solidariedade / Percorre-se / Com fantasia / Num sonho / Mais que real. - Já somos dois... e mais hão-de vir para o sonho deixar de ser sonho e passar a ser realidade!

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  2. Sérgio, cada verso deste texto é uma flecha de razão inconformada despedida em direcção à consciência do indivíduo... e todas acertaram em cheio em mim! Desejo-te um bom Natal, a ti e aos teus. Continua a produzir mais poemas-armas! Grande abraço

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  3. Caro Armando !
    Muito obrigado pelas tuas palavras. Sem dúvida que resistiremos e é muito bom contar com a tua solidariedade.Ao contrário de alguns pequenos e grandes tiranetes , não receamos não ter razão, receamos e combatemos os que temem o debate de ideias , os que receiam o contraditório e que se refugiam no poder, mesmo que pequeno.
    Grande abraço,
    Boas festas para ti e para os teus,
    Luís Sérgio

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  4. Caro Panela de Escape !
    Muito obrigado pelo teu comentário, os poemas- armas continuarão , cada vez mais, na escola e fora da escola temos que resistir. Com tudo o que se prepara , com os ataques violentos que pesam sobre nós, ou lutamos ou morremos. Resta-nos lutar senão lutarmos seremos um povo indigno. E como resistir é criar , continuarei!
    Grande abraço,
    Boas festas para ti e para os teus !
    Luís Sérgio

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  5. Companheiro !
    Mais uma pérola cheia de significado. Boa escrita, muitas ideias. Junto-me a ti e ao Armando e com o Panela de Escape, já somos quatro,mais do que suficiente para levar um tirano rex para a cova.
    Aguardo a tua visita, para uma boa tarde de conversa.
    Grande abraço,
    Filipe

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  6. Querido amigo!
    Mas que belo poema, obrigada por o partilhares connosco. Linda e também fantástica a fotografia.
    Um feliz natal, que bem mereces.
    bjs,
    Professora

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  7. Filipe !
    Obrigado pelas tuas palavras e pela tua solidariedade. Brevemente mataremos saudades, é um enorme prazer conversar contigo.

    Grande abraço,
    Luís Sérgio

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  8. Caríssima amiga !
    Muito obrigado, pelas simpáticas palavras.
    A fotografia é de facto simbólica, algo fantástica e muito real, foi tirada de uma das janelas do Aljube, prisão do regime fascista, ao tirá-la imaginei-me no lugar de um preso que olha o Tejo e desespera por liberdade, foi um turbilhão de pensamentos. Apeteceu-me gritar de revolta.
    Beijinhos
    natal muito feliz e um ano novo, apesar de tudo muito melhor.

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