AGIR (Apoio à Gestão da Indisciplina e Reintegração).
Enquanto
professor foi um dos projetos mais interessantes em que participei e ajudei a
criar. Numa escola, a PAN, em que a nível disciplinar se vivia o caos, no
espaço escolar reinava o poder do mais forte e a impunidade ditava as regras.
As salas de aula eram um pandemónio, o saber ser e estar eram coisas para uma
minoria, regras e respeito pelo outro só para as calendas gregas, ou seja,
nunca.
Um grupo
forte e esclarecido, inspirando-se nos princípios da mediação de conflitos, com
muito esforço e dedicação procurou e, em parte, conseguiu alterar o clima de
guerra e desordem permanente, sobretudo, nos ditos pátios onde roubo, agressão
e extorsão eram prática normal. Ainda não se falava em maus tratos ou, só por
essa altura, se acordava para a problemática quando um grupo de professores
contra tudo e contra todos ousou lutar conta a corrente das lamentações, da
indiferença do conformismo e do deixa andar.
O AGIR
mobilizou professores, alunos, funcionários, pais e encarregados de educação. A
consigna “ Agir sim, reagir não! “deu frutos e deixou marca. Na verdade,
por estes dias o projeto está sem pernas, sem cabeça e de coração fraco. Apesar
de tudo e fruto do labor de novas equipas vem-se mantendo. Raros são os
projetos desta natureza que se aguentam mais de 2 ou 3 anos, este já
ultrapassou uma década, o que só prova a sua validade e vitalidade.
Projetos
assentes nos princípios e valores da mediação de conflitos são cada vez mais
uma necessidade imperiosa nas nossas escolas. Uma tutela vesga e apostada na
destruição da escola pública asfixia-os, ao invés de os apoiar e valorizar. Um
ministro insultuoso e Incrato vai destruindo o que de bom havia nas escolas. A
indisciplina aumenta dia a dia e os projetos que lhe podiam fazer frente vão
morrendo. Um dia destes, quando alguns acordarem, descobrir-se-á que os exames de
que Nero tanto gosta são a prova de que a escola pública está a morrer. De
qualquer modo, aqui e agora, não quero lembrar almas infernais, mas, bem pelo
contrário, prestar homenagem a todos os que nos últimos dez anos deram o seu
melhor pelo projeto, combatendo a indisciplina, fomentando a integração e deste
modo, apesar de tudo, tentaram uma escola melhor. Aqui fica o meu
reconhecimento pelo trabalho de mais de uma década.
Bem-haja!
Bem-haja!
Há um episódio que quero destacar e relembrar, pela importância, pelo que
significou e porque está fresco na memória, apesar de ontem, dia 21 de dezembro,
terem passado dez anos sobre a sua realização, refiro-me ao primeiro jantar de
Natal do grupo AGIR, na Fábrica da Pólvora em Oeiras. Momento de
confraternização e união que entre outras coisas ficou marcado pela veia
poética do nosso grande colega e amigo, José Luís Costa. Recordo o momento em
que sempre animado e positivo nas leu as quadras em que se referia aos membros
da equipa.
E começou assim,
“O Mestre”:
“O AGIR surgiu de uma necessidade
imperiosa,
De lutar contra o roubo, agressão e
extorsão.
Escolhendo-se mágicos para uma onda
laboriosa,
Sabendo que teríamos uma melhoria na
ação.”
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