sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Como ser feliz na escola. Parte 2 de 2.

Foto: L.Sérgio


Neste momento, as escolas portuguesas tal como a maior parte  na europa, transformam-se, aceleradamente, apenas e só, em “meros campos de treino para exames” e por inerência o professor passa a simples treinador de exames, o exame tudo regula e tudo determina. Os/as mais papistas que o papa gostam de acrescentar a isto uma  miríade de provas e “provazinhas” que não  servem para nada, a não ser satisfazer  e preencher os seus desejos mais recalcados de uma vida familiar e sexual vazia e frustrante. A psicologia, afinal, até parece que explica alguma coisa… Na verdade, é preciso, é importante preparar para os exames, mas a actuação intelectual, a estratégia de  ensino e do ensino do professor não pode, não deve limitar-se às visões muitas vezes estreitas e redutoras dos pontos de vista dominantes em toda a tralha produzida para orientar e formatar provas. É preciso que o professor alargue os seus horizontes e os dos seus alunos muito para além das visões pobres e fascistas emanadas da 5 de Outubro, expressas, por exemplo, nas inenarráveis metas curriculares que não têm outro objectivo que não seja : retirar ao professor e à escola toda e qualquer possibilidade de inovação e criatividade. A “funcionalização docente”tem múltiplas estratégias e não é só a despedir professores que se constrói um “não-professor”.
Rejeitando toda a parafernália burocrática que visa controlar e domesticar os professores impedindo-os de se a assumirem nas sua maior dimensão de pedagogos, o professor António Nóvoa está farto de dizer que, “É preciso voltar à pessoa do professor”. Concordo inteiramente com esta visão do docente, a da dimensão humana, a da vida vivida e  ensinada, o professor não existe para lá daquilo que é como pessoa, insistir nessa separação é uma falácia.
Podemos afirmar que nas escolas o que predomina na sua maioria, é o não – professor. Meus caros leitores e amigos isto não é provocação, é uma constatação, o estado zombie da classe é detectável a olho nu, sem necessidade de qualquer exame ou estudo. Senão, como  aceitar que o ministério e os seus apaniguados tenham feito “gato sapato” das escolas e dos professores. Houve boas  e fundamentais resistências temporais e pontuais, mas a verdade é que a inacção e a vontade dos grandes interesses têm-se sobreposto. A Dona Inércia, antes de chegar ao BES, há muito que se tinha instalado na maioria das nossas escolas.
            Espero muito sinceramente, que  este estado zombie, esta negação pela inércia de um das profissões mais importantes da nossa sociedade sejam provisórios . Desejo que os que almejam uma Escola Pública Democrática e Progressista, os que insistem em se assumir como PROFESSORES capazes de definir o seu próprio caminho, capazes de tomar posição e se assumir como pessoas pensantes e actuantes não desistam e que pela sua determinação e acção contagiem a maioria dos seus companheiros (até já me repugna usar a palavra colega).
            - Que fazer então?, dizeis.
            - Não posso, nem quero dizer mais, que cada um siga o seu caminho, analise a sua vida e a sua conduta na escola que muitos percebam a necessidade de mudar, de despertar para vida que vai num professor, pode fazer a diferença. Nada do que vos proponho é fácil, mas os interesses que estão em jogo, o convencional, nunca foram , nem serão fáceis de combater. Precisamos de  grandes doses de humanismo,   perseverança e imaginação para encontrarmos o(s)caminho(s).
            Mas, se ainda acreditam que o Ser Professor pode prevalecer sobre o Não-professor vale a pena fazer alguma coisa e não desistir e, sobretudo, lutar. E ,acrediteis ou não, aqui reside a diferença entre ser feliz ou um mero zombie que espera a morte. Pois, como muito bem escreveu em, Nova Teoria da Felicidade, o escritor e por ele professor e filósofo, Miguel Real, Serão Sempre felizes : “

“Aqueles que , em qualquer época ,buscam novas formas de existência, exploram alternativas  e anseiam por novas experiências de vida, não se
submetendo às formas institucionais de existência.”

(p. 165).


2 comentários:

  1. Comentário significativo e pertinente.
    Do José Luís Costa (enviado por e-mail ,Publico depois de devidamente autorizado ):

    Caro Luís

    Um verdadeiro professor merece um bom vencimento mas a sua grande realização é sentir afeto e respeito pela sua profissão. Reconhecimento, coesão e solidariedade o triângulo para o sucesso de uma Escola humanista projetando homens com valores numa sociedade que se pretende menos interesseira!

    Um abraço solidário

    José Luís

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