domingo, 25 de novembro de 2012

Aulas assistidas


A farsa BurroCrata, parte 2.
A insustentável leveza de uma má leitura.
Obrigatoriedade ou não de aulas assistidas nos 2º e 4º escalão.
Aulas assistidas em geral.

Os ambientes fechados, temerosos, que excluem e reprimem só produzem paralisia,
hipercontrolo e, com o tempo, mesquinhez: económica e intelectual.”
Joaquín Lorente

 Numa apressada e errada interpretação da legislação que será citada mais adiante, está a passar-se para as escolas a ideia de que os professores do 2º e 4º escalões, mesmo aqueles que já tiveram aulas assistidas, o devem fazer de novo. Nada mais falso. Ou seja, quem já teve aulas assistidas, pode nos termos legais, usar a classificação obtida nas aulas, na dimensão Científico Pedagógico. Não Há obrigatoriedade de pedir e ter de novo aulas assistidas. Outra coisa não pode nem deve acontecer. Muitos dos que estão hoje nos segundos e 4º escalões há muito deveriam ter progredido na carreira. Conheço vários casos de colegas que mudavam em Novembro e Dezembro de 2010, fizeram tudo o que lhes foi pedido para poderem transitar, nalguns casos, até avaliações intercalares, aulas assistidas, relatórios, etc., etc. De nada serviu, o governo ditou (mal) que não havia progressões. Pergunta-se, é da responsabilidade destes professores continuarem nos 2ºe 4º escalões, para agora, de novo, se sujeitarem a mais esta palhaçada? Onde estariam e onde ficariam a igualdade de tratamento perante a lei? A carreira não é a mesma para todos? Num processo normal, os docentes do 4º escalão, a grande maioria, estaria agora a transitar para o 6º escalão, o tempo de permanência no 5º, são dois anos. Aos mesmos também não se pode imputar a responsabilidade por permanecerem neste escalão e a legislação ter mudado para avaliação externa de aulas. Se a carreira ficar 20 anos sem ser “descongelada”, será que continuarão as aulas assistidas? Claro que não pode ser. A ser verdade, essa coisa de que agora a avaliação é externa e com aulas assistidas, todos os que até hoje chegaram aos escalões de topo deveriam ser avaliados com aulas, pois muitos, não sabem nem imaginam o que é uma coisa dessas.
É por essas e por outras, e por encontrar sempre quem esteja disposto a servir os seus intentos que o ministério tem usado e abusado dos professores.
Importa esclarecer  outro aspecto: Mesmo os professores que se encontravam nestes escalões há pouco tempo (antes do congelamento) e, por isso, (são poucos) ainda não tiveram aulas assistidas, só estão obrigados a tê-las e só o devem fazer, se a legislação não mudar, quando do descongelamento da carreira.
O que escrevi até agora e o que se segue decorre da minha interpretação e leitura, mas, também das informações que colhi, oralmente e pessoalmente, junto do sindicato e de um jurista amigo, a quem sem citar o nome, a seu pedido, agradeço publicamente. Junto também um importante contributo, este dado por escrito, de um colega que pediu esclarecimento ao SPGL, com os meus agradecimentos ao colega amigo e a muitos outros que me fizeram chegar preciosa informação, nos últimos dias, BEM-HAJAM!

Há necessidade de requerer a observação de aulas assistidas, já as tendo tido no ciclo avaliativo anterior?
- NÃO!
Aqui fica a troca de emails do colega com o SPGL.
Os sublinhados são da minha responsabilidade.

Pedido de esclarecimento
Enviada: quinta-feira, 22 de Novembro de 2012 17:10
Para: SPGL Geral
Assunto: Esclarecimento sobre a necessidade de requerer a observação de aulas (já as tendo tido no ciclo avaliativo anterior)
Boa tarde.
Sou o vosso sócio número xxxxxx (P………) e venho por este meio colocar-vos o seguinte pedido de esclarecimento sobre a  necessidade de requerer a observação de aulas.

Tendo por base na legislação abaixo transcrita:

A)       O Decreto -Lei n.º 41/2012, de 21 de fevereiro, e o novo regime jurídico de avaliação do desempenho do pessoal docente desenvolvido pelo Decreto Regulamentar n.º 26/2012 (n.º 2 no artigo 18.º), de 21 de fevereiro, refere que “a avaliação externa do desempenho docente centra-se na dimensão científica e pedagógica e realiza-se através da observação de aulas, sendo obrigatória para os docentes em período probatório, integrados nos 2.º e 4.º escalões da carreira, integrados na carreira que tenham obtido a menção de Insuficiente e para atribuição da menção de Excelente, em qualquer escalão da carreira.”
 
B)       O artigo 30.º do Decreto Regulamentar n.º 26/2012 (Disposições finais e transitórias) refere:
“1 — Após a avaliação do desempenho obtida nos termos do regime estabelecido no presente diploma, no final do primeiro ciclo de avaliação, e observando o princípio de que nenhum docente é prejudicado em resultado das avaliações obtidas nos modelos de avaliação do desempenho precedentes, cada docente opta, para efeitos de progressão na carreira, pela classificação mais favorável que obteve num dos três últimos ciclos avaliativos.
2 — A classificação atribuída na observação de aulas de acordo com modelos de avaliação do desempenho docente anteriores à data de entrada em vigor do presente diploma pode ser recuperado pelo avaliado, para efeitos do disposto nas alíneas b) e c) do n.º 2 do artigo 18.º, no primeiro ciclo de avaliação nos termos do regime estabelecido pelo presente diploma.
3 — Para efeitos do número anterior, considera-se a classificação obtida nos domínios correspondentes à observação de aulas na dimensão desenvolvimento do ensino e da
aprendizagem.”

C)       O Artigo 12.º (Disposições transitórias) do Despacho Normativo 24/2012 de 26 outubro, refere:
“1 — A observação de aulas regulamentada pelo presente despacho normativo não é prejudicada pela vigência de disposições legais que temporariamente impeçam a progressão na carreira.
2 — Para os efeitos referidos no número anterior e
caso se verificasse a normal progressão na carreira docente, no ano escolar de 2012-013, consideram -se os seguintes períodos e momentos:
a) Até final do 1.º período letivo, apresentação dos requerimentos de observação de aulas a realizar no próprio ano escolar;”

Dado que estou integrado no 2º escalão da carreira (onde a observação de aulas é obrigatória) e a data prevista para transição para o 3º escalão é 29 de dezembro de 2012 e que tive observação de aulas no último ciclo avaliativo, pelo que pretendo recuperar a classificação atribuída nesse período, conforme o nº 2 do artigo 30º do Decreto Regulamentar n.º 26/2012, efetuei o pedido de esclarecimento à SADD da escola da qual sou Quadro de Agrupamento sobre a necessidade de requerer observação de aulas e a resposta que obtive foi que "...devo cumprir o artigo 12º do Despacho Normativo nº 24/2012, de 26 de outubro, designadamente o nº 2".
No entanto na minha leitura, segundo o nº 2 do artigo 30.º do Decreto Regulamentar n.º 26/2012 (Disposições finais e transitórias), de 21 de fevereiro, já que a "classificação atribuída na observação de aulas de acordo com modelos de avaliação do desempenho docente anteriores à data de entrada em vigor do presente diploma pode ser recuperado pelo avaliado, para efeitos do disposto nas alíneas b) e c) do n.º 2 do artigo 18.º, no primeiro ciclo de avaliação nos termos do regime estabelecido pelo presente diploma" creio não precisar de as requerer (pois já as tive no ciclo avaliativo anterior).

Assim, solicito que seja esclarecido se necessito, na mesma, de requerer a referida observação de aulas, conforme a resposta da DAAD da minha escola.

(agradecia alguma urgência na resposta dado os prazos que tenho que cumprir)

Antecipadamente grato.

 Resposta do SPGL
Data: Fri, 23 Nov 2012 17:21:54 -0000
     De: Serviço de Apoio a Sócios <apoiosocios@spgl.pt>
Assunto: FW: Esclarecimento sobre a necessidade de requerer a observação de aulas (já as tendo tido no ciclo avaliativo anterior)
   Para: 
p……………..
Boa tarde,
De acordo com o artº 18º do Dec.Reg. 26/2012, a observação de aulas é obrigatória para os docentes integrados no 2º e 4º escalão da carreira docente ou integrado em outro escalão que se candidate à menção de Excelente.
Os docentes do 2º e 4º escalão e os docentes que pretendam a atribuição de Excelente, que já realizaram aulas observadas no ciclo avaliativo anterior, poderão solicitar a sua recuperação, nos termos do nº 2 e 3 do artº 30º das disposições finais e transitórias do Dec. Reg. 26/2012, ou seja, quem já teve aulas assistidas nos últimos anos, está dispensado de o fazer agora, no decurso do 1º ciclo de avaliação – assim a classificação que teve nas suas aulas assistidas pode agora ser usado na dimensão Científica e Pedagógica.
Sugerimos que requeira a classificação atribuída na observação de aulas de acordo com os modelos de avaliação do desempenho docente anteriores.
Os melhores cumprimentos
O Departamento de Apoio a Sócios

PS.
Como se constata ,só há farsa se deixarmos.

6 comentários:

  1. Obrigada pela partilha.

    .... peço a recuperação [avaliação obtida no ciclo anterior com observação de aulas]... CONTINUO a não mudar de escalão... daqui a 4 anos volto a ter aulas observadas como se estivesse no 4º escalão quando já já vou, em tese, no 6º? e CONTINUO a não mudar de escalão.E será assim até me reformar ou morrer? Com cerca de 22 anos de serviço, 38 no sistema contributivo, vou continuar a ter observação de aulas e sempre no 4º escalão?

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    1. Uma verdadeira injustiça. Por isso , é que esta palhaçada não pode prosseguir. Só está interessado nesta fraude quem está fora do sistema.
      Bem-vinda ao blogue.

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  2. Boa tarde! Eu deveria ter mudado para o 5º escalão há 2 anos. Tive as famosas aulas assistidas e todas aquelas reuniões... tal como se estivesse outra vez a fazer o estágio e foi assim que me senti. Senti também a grande injustiça disto tudo. Sempre participei em projetos da escola, incluindo projetos internacionais, trabalhei fora do meu horário para preparar e dinamizar as "semanas da ciência" e também para reunir com encarregados de educação e até prestar apoio a alunos com mais dificuldades, coordenei grupos de trabalho, fiz o mestrado na minha área (química) para consolidar e ampliar os meus conhecimentos e, no final, sinto-me desmotivada e injustiçada, tal como muitos outros colegas. Para começar, nem percebemos porque é que, se as aulas assistidas são tão importantes, apenas são obrigatórias para alguns escalões. Além disso, aprendi (no estágio tinha aulas assistidas quase todos os dias) que o avaliador tem que acompanhar todo o trabalho desenvolvido pelo professor com determinada turma para poder avaliar de uma forma justa (tanto quanto possível).
    Por isso, não entendo... sem falar nas situações em que esta situação serviu como exercício de prepotência para determinados avaliadores...
    Desculpem o desabafo...

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    1. Na verdade estas palhaçadas só servem para impedir a progressão e para a prepotência. Por isso, não admira que aqueles que toda a vida progrediram sem aulas assistidas e que fizeram carreira à procura de cargos por incapacidade de leccionar, sejam acérrimos defensores do modelo, mas para os outros. Eles não, são supra-sumo da batata podre !
      Bem-vinda ao blogue e obrigada pelo depoimento.
      Luís Sérgio

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    2. É mesmo uma embrulhada!! E já agora, será que as aulas observadas pelos coordenadores dos departamentos, a todos os professores, também contam? E que sei de escolas onde os diretores incubiram os coordenadores de observarem as aulas de todos os colegas...

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  3. Cara Paola,
    Não sabia dessa, na verdade, há diretores para tudo, por isso é que entendo que este modelo de gestão deve ser substituído, por outro onde este e outros abusos não aconteçam. Neste momento, gestão e avaliação são uma mesma arma de dominação dos professores. Até acho que há um provérbio a ser mudado e que ficaria melhor assim : se queres conhecer o vilão mete-lhe na mão a avaliação.
    abraço,
    Luís Sérgio

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