domingo, 27 de janeiro de 2013

Quebrar o cerco.



Quebrar o cerco.

Convocada pela FENPRFOF realizou-se ontem uma manifestação dos professores. Foi uma boa manifestação, participaram “mais de 40 mil “, segundo a organização. Não se tratou de mais uma manifestação, não foi mais uma, mas sim uma jornada de luta na qual os professores portugueses manifestaram o seu repúdio pela forma como estão a ser tratados por este governo traidor. Ouviram-se palavras de ordem como: “Crato para a rua!”; “governo para a rua!”, “FMI fora daqui!”; “Troica vai-te embora”; “Os professores fazem falta”; “privatização não”; “ Queremos uma Escola Pública e Democrática”; etc., etc.
Apesar de convocada por uma só federação sindical, a adesão dos professores foi elevada, faltaram alguns, mas virão na próxima, tal a revolta que grassa nas escolas e tais os ataques à profissão e à escola pública. Este rio que desaguou no Rossio, não é um fim, mas sim o princípio de um grande mar que com as suas águas agitará toda a docência e a sociedade portuguesa, levando de enxurrada os Coelhos os Portas e o serventuário InCrato. Por isso, é fundamental pensarmos no dia seguinte para que esta vitória, estas águas purificadoras da manifestação não se percam. Repararam que, desta vez, até S. Pedro se rendeu à justa luta dos professores dando-lhes tréguas, sou ateu, senão até diria que os deuses estão connosco, mas, se não estão os deuses, a razão está e é nosso dever defendê-la. E qual a nossa razão, ou razões (aponto somente, três das que me parecem fundamentais e devem unir e estruturar as nossas lutas):
-Defesa da Escola Pública e Democrática contra os vorazes apetites privatizadores de meia dúzia de especuladores da alta finança que pretendem ganhar milhões com a destruição do ensino público.
- Defesa da profissão docente restaurando a sua dignidade pessoal e profissional, rejeitando todas as tentativas de transformar os professores em meros indiferenciados mal pagos e incultos. Baixando-lhes até à miséria o salário e a formação. Pergunto: Como é que é possível a classe profissional mais habilitada e qualificada do país ser tratada desta forma e aceitar?! Sempre que nos vierem com comparações de salários e outras temos que nos lembrar do que escrevi atrás. Só o medo, a anestesia intelectual reinantes em alguns grupos da escola permitem que, um governo de incultos e farsantes com tiques nazis se mantenham no poder. Até que ponto alguns são cúmplices, isso veremos um dia.
-Demissão do governo. Hoje mais do que nunca, está aos olhos de quem quer ver: a questão é política, por isso, ou damos cabo desta política ou ela destrói-nos.
Mas, como vencer esta política terrorista?
- Sem dúvida que, só formas de luta duras, a discutir e organizar, tais como: Greve aos Exames, às avaliações, ocupação das escolas, trabalhando só 35 h, etc. Tudo deve ser discutido e ponderado. Mas com tempo, e sem medo, sobretudo, sem medo. Enquanto as cabeças de alguns, especialmente de alguns com responsabilidades sindicais, estiverem atulhadas de medos e receios não conseguiremos quebrar o cerco.


Fausto. Guerra é a Guerra.




2 comentários:

  1. Caro Luís Sérgio:

    Quero deixar aqui só dois ou três apontamentos.

    Quando quiserem comparações de salários, poderão comparar o meu com o do meu mecânico: quando levo o carro à oficina o seu trabalho é pago a 30€ por hora! A minha profissão é tão digna como a dele e vice-versa (aliás, o meu pai foi mecânico toda a vida!). Se conheceres oficina mais barata podes dizer-me...

    Quando a sociedade civil diz que os professores estão bem pagos, que podem escolher o médico que querem porque têm a ADSE, que têm três meses de férias e tal, e tal, e tal, basta perguntarmos a quem afirma isso por que não quis ser professor!

    Se quero fazer formação (ou se sou obrigado!) tenho de a pagar do meu bolso...

    Por último, a força foi mostrada nas ruas. Mas não chega manifestações ao sábado ou greves à sexta feira! Agora a força terá de ser mostrada no local de trabalho: greve na altura das avaliações, na épocas dos testes intermédios e dos exames - tenham os sindicatos coragem para isso também!

    Grande abraço!!!

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  2. Amigo Luís
    Tendo em conta que possivelmente os teus leitores não vão ao Sem Fronteiras, deixo aqui o meu desabafo que já conheces e que gentilmente comentaste.
    Mais uma vez, grande abraço e FORÇA!

    "Não gosto de pagar pelos erros que os outros cometem e/ou cometeram. Não gosto que ponham os trabalhadores do setor privado contra os funcionários públicos. Não gosto que tentem destruir, por questões meramente economicistas, a escola que eu ajudei a construir. Não admito que apontem os ditos privilégios dos funcionários públicos, ainda por cima da parte de quem vem esses apontamentos. Não admito que continuem a espoliar o meu ordenado, o qual recebo em troca de um trabalho honesto e dedicado. Não admito que continuem a congelar a minha progressão na carreira, na qual fiz um percurso sério e sem favorecimentos político-partidários ou outros. Não admito que despeçam colegas que tanto têm dado à escola pública. Não admito que pensem sequer reforçar a privatização do ensino, ainda por cima a grupos tipo GPS. Não admito que duvidem do meu profissionalismo.
    Não sou político, nem banqueiro… sou um professor e com muito orgulho. Por tudo isto e mais aquilo que tenho dificuldade de expressar, fui de novo à manifestação. Não fui por filiações político-partidárias… não fui por filiação sindical… fui somente por ser professor… fui somente por ser cidadão.
    Mais do que por direito, fui por DEVER. Em meu nome e em nome de todos aqueles que têm a sua carreira, o seu vencimento, o seu emprego em causa. Em nome da defesa da escola que com sacrifício e empenho tenho tentado ajudar a construir. Em nome da educação que está cada vez mais a ser hipotecada, e com ela, o nosso futuro.
    Fiquei satisfeito por ver tantos colegas que fizeram mais uma vez uma longa viagem para estarem presentes. Fiquei triste por não ver outros cuja viagem seria certamente mais curta.
    Estive lá e mais uma vez com o orgulho de ter participado em mais uma manifestação reveladora de grande civismo."

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