Foto "roubada" ao Luís Costa, autor da blogue DANAÇÃO
O mata-professores e a
questão ideológica – Parte 3 de 4
Dada a especificidade e natureza da sua função a carga
horária a que estão sujeitos os professores é pesada, desgastante e impeditiva
de melhor desempenho. Gerir turmas, preparar aulas, ver trabalhos e testes e,
muitas vezes, ao final do dia, participar em reuniões ordinárias e
extraordinárias de uma inutilidade fatigante e ofensiva são um dos principais
inimigos da profissão na actualidade. Sua Exa. achou que os professores se
andavam a dispersar muito e digo eu, entendeu que se estava a gastar demais,
não podia ser, a coisa assim não dá, é preciso exauri-los, pô-los a trabalhar
mais e talvez se poupem mais uns contratos. De certeza que poupa, de certeza
que vai acabando com O PROFESSOR aos poucos, mas amealha mais uns quantos
créditos para o FMI. A continuar assim, acaba medalhado no 10 de junho, mesmo
sem feriado, e o Gaspar ainda o canoniza nalguma igreja mais próxima. Isto de
aumentar a carga horária de uma classe que precisa de mais tempo, cada vez mais
tempo, para se actualizar e formar, só de santo. Nuno Crato está a lidar com
uma das classes mais qualificadas do país, com o espaço onde existem mais
licenciados e mestres por Km2, mas a maneira como lhes fala e os trata parece
que está a lidar com atrasados mentais, tão baixas e ignaras foram as desculpas
que arranjou para aumentar a carga horária. Ouvi-lo na assembleia, na audição
parlamentar sobre educação, foi uma espécie de murro no estômago que até deu náusea,
e eu que até tenho os abdominais bem treinados, nem imaginam quanto.
Acompanhando estas medidas, o mata-professores, ordenou aos
seus directores, a maioria fiéis e obedientes, que enviassem quanto antes os
horários zero, em muitos casos, mesmo sem terem feito a distribuição do serviço
docente. As “estimativas” por alto, ou por baixo, conforme a leitura, deram
números elevados. Conhecendo os totais, pois, tem acesso à plataforma onde
foram colocados os horários zero e outros, o ministro negou-se, até agora, a
divulgá-los, tal o receio da verdade. O que se sabia das escolas levou à
reacção indignada de muitos docentes e de alguns sindicatos, e sublinho alguns,
porque outros, pelos vistos, já venderam a alma ao Diabo e acham que o maior
ataque de sempre aos professores e à escola pública não é nada com eles. Tão
calados andam. Hoje, está em perigo a manutenção da profissão PROFESSOR, tal
como a conhecemos, tentando substituí-la a médio prazo, por jornaleiros mal
pagos de empresas de subcontratação. A resistência foi ganhando forma e
rapidamente passou para a praça pública, descobertos os seus intentos, o amanuense,
apressou-se a dizer, qualquer coisa como: “não sai nenhum professor dos quadros
e estamos a trabalhar para vincular os contratados” e, atabalhoadamente, muito
em cima do joelho, enviou para as escolas uma nota informativa que permitia
elaborar alguns projetos de combate ao insucesso. A manobra não ficou clara,
mas significou um nítido recuo. Perante a luta dos professores, era preciso
calá-los e calar a opinião pública. O que vai acontecer ao certo só se saberá
em Setembro, porém devemos continuar a luta, este volta atrás do ministro foi
temporário, estratégico, para já, viu que alguns professores estavam acordados,
mas não vai desistir. Convém que nos lembremos que pouco depois de tomar posse,
Nuno Crato, criticava o concurso nacional de professores. Não repetiu muitas
vezes, mas está a preparar a sua destruição de mansinho, como manda a troica e
os interesses privados. Temos que estar vigilantes, destes farsantes um mal
nunca vem só.
(Continua)
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Caro Luís:
ResponderEliminarÀ semelhança dos Enfermeiros (sim, com E) não se vão contratar Professores (sim, com P), vão-se contratar serviços de ensino! Pena é que não se possam contratar serviços de educação, pois não sabem distinguir uma coisa da outra...
O que vai acontecer só se saberá em Setembro... porque é costume Agosto ser mês de saírem novidades...
Grande abraço!