terça-feira, 30 de julho de 2013

Ressuscitará?

Foto: Luís Sérgio

Inspirado no” menino de sua mãe” de Fernando Pessoa, aqui vos deixo, um grito de dor, lamento, por um povo subjugado e silenciado pelas gargalhadas das hienas do mais desenfreado capitalismo.


Ressuscitará?

No cantinho europeu abandonado
Que a troica bruta arrefece,
por  portas e coelhos ultrajado
facínoras, de lado a lado,
Jaz obediente, e prostrado.

Um povo sem sangue.
De braços estendidos,
à fome, mendigando, exangue,
Fita com olhar langue
e cego, os céus perdidos.

Que povo! Que povo era!
(agora que (in) dignidade tem?)
Povo único, a mãe lhe dera
um nome e o mantivera:
«Lusitano.»

Caiu-lhe da algibeira
a última migalha breve.
Dera-lhe o FMI. Está inteira
E boa a migalha.

(Um qualquer rato a comerá)
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço para dizer adeus…

deu-lho a chanceler estouvada
que de porco o batizou.

Lá longe, no BCE, há a prece:
“Que pague cedo, e bem!”
(Malhas que Belém tece!)
Jaz morto e apodrece
O Lusitano povo.

Ressuscitará?
Será que se levantará,
Contra os filhos da mãe?

2 comentários:

  1. Caro Luís Sérgio, eu nuca acreditei em ressurreições... nem com o novo Papa! Mas não é dessas que falas no tua escrita poética - que aqui quero louvar - mas sim de outras, talvez mais importantes!

    Mas continuo cético (ou céptico) e só vendo. Como costumo dizer, e para responder à tua questão, talvez só quando começar a pensar com o estômago!!!

    Grande abraço e boas féria!

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  2. Caro Armando,
    Infelizmente, parece-me que tens razão, este povo só acordará no dia em que quiser comer e nada tiver ... até lá vai-se iludindo, pensando que os problemas só são do vizinho.
    Grande abraço,
    e mais uma vez boas férias!
    Luís Sérgio

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