domingo, 1 de fevereiro de 2015

Contra o tempo


Contra o tempo


Corres contra o tempo,
dizes num lamento.
Já não posso mais
E corres, e corres e corres.
Já não aguento mais,
não tenho tempo.
Sempre o tempo.
Não há mais tempo para nada,
Lamentas em mais
Uma corrida desesperada.
Sem tempo.
Contra o tempo
Sempre contra o tempo
Porque sim,
Porque não,
com razão
e sem ela
corres
Porque tem de ser
Porque é mesmo assim
Contra o tempo.
Já não pões os pés no chão
Voas num tempo sem tempo
não vês e não te reconheces.

Se calhar, já nem sabes quem és,
perdido no tempo.
Na verdade, se não tens tempo
já nem és.
Corres contra o tempo
Muito sem tempo,
Sem tempo
Para ser
Para estar
Para viver.
Já não sentes
Já te perdeste na quimera
Duma corrida sem meta.
Choras o tempo perdido
De tudo o que não vives.

Não te vês,
já não és.
Resta – te
Talvez um pouco de nada.

E
Na ausência de ti
há grilhetas de escravidão
há desejos amordaçados
Lutas por travar
Sonhos por nascer
Uma vida para viver
e sempre um tempo.
Sim. Um tempo
para SER.

Luís Sérgio

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