terça-feira, 24 de julho de 2012

O mata-professores. Parte 1 de 4


O mata-professores e a questão ideológica – Parte 1 de 4

A questão ideológica, a Escola Pública, a troica, os enfermeiros, as subcontratações, um ministro que quer matar todos e o plano inclinado do outro que quer matar professores e destruir a classe docente. As lutas, os recuos aparentes que na aparência trazem uma verdade escondida, muito escondida, mas, já com rabo de fora.

 Que desígnios, que intentos, alcandoraram Crato ao ministério da educação?
- Aparentemente, rigor, exames, mais exames, mais ensino. Com a ajuda do “plano inclinado” de que só sairá para a rua, e espero eu pelas ruas da amargura, o senhor Nuno foi-se promovendo e afirmando como defensor de uma qualidade de ensino que alguns desejavam (desejam) e outros sentiam falta. Vã glória de mandar! Chegado ao ministério tudo foi diferente, as intenções tornaram-se outras ou, nem por isso. Na verdade, Crato foi, é, uma grande desilusão, “ou nem tanto”, como diria o meu amigo e colega Guerra. Do melhor ensino depressa passou ao ensino mais barato, ao ensino do “mais com menos”. Da esperança à desilusão foi um ápice, mais rápido que a sombra, o novo ministro mata-professores mostrou ao que vinha, poupar dinheiro com a Escola Pública, nomeadamente com professores e funcionários. Não terá sido por acaso, um matemático com mentalidade crática, não faz as coisas ao acaso, não cortou com nenhuma das medidas da sua antecessora de má memória que tanto criticava. Com pequenos acertos de cosmética, o modelo de gestão fascista das escolas continuou; a avaliação nos moldes errados e espúrios continuou; a exagerada carga horária aumentou. Estes eram três aspectos fundamentais com os quais era imperioso romper se, por acaso, só por acaso, quisesse cortar com o consulado de Milú. Aqui nada mudou, acabou, sim, na véspera, a entrega de prémios aos alunos que se distinguiam com mérito. O defensor da meritocracia, rapidamente desfez as dúvidas, mérito sim, mas sem custos. Um pequeno gesto de enorme significado, que mostrou aos mais atentos ao que vinha: poupar. Imbuído da cartilha de Gasparzinho e fiel à bíblia que no silêncio dos gabinetes jurara defender: o malfado “Memorando da troica”, congeminou a mando dos superiores interesses do capital estrangeiro, nomeadamente o alemão, a melhor e mais certa maneira de destruir a escola pública. Como fazer, como implodir, então a escola de todos, já que o ministério precisava de ficar intacto? Reduzir nos professores, poupar nos professores, destruir, paulatinamente, a classe docente, em nome do rigor, da gestão dos recursos e outras manobras tais.

(Continua)

5 comentários:

  1. Amigo,
    É certo, nunca acreditei no Crato,sempre desconfiei das sua conversa mole, parecia-me um ressabiado, com saudades da escola primária do estado novo e , infelizmente, não me enganei. Gostei do mata-professores, aguardo o desenvolvimento da questão ideológica.
    Grande abraço,
    Filipe

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  2. Da esperança à desilusão...

    Tens toda a razão, ficou mais uma vez demonstrado o princípio de Peter!

    Abração!

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  3. Boa, Luís!
    "O mata-professores", está bem visto. Bom texto , não te esqueças de continuar.
    " Só os peixes mortos seguem a corrente do rio ". Nunca tinha pensado assim.
    É pena , já vi que há alguns peixes mortos na minha escola.
    Bjs
    Professora

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  4. Parabéns pela excelente radiografia e pertinência apresentada no seu texto.
    Vivemos tempos de muita inquietação e para além da conjuntura, acrescento à sua questão ideológica uma profunda desprofissionalização da docência.
    Sobre o consulado da Milú também me incomoda a tremenda injustiça desse malfadado concurso de "Titular". Essa questão não está resolvida e agora que temos que concorrer a DACL temos esta espantosa situação de colegas com menor graduação ficarem e outros com mais graduação porque não passaram a titulares a terem que concorrer. Pergunto Eu:" Quem tramou quem".

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  5. Cara Lucinda ,
    bem-vinda ao blogue!
    Tem razão a "desprofissionalização da docência" ajuda. Na verdade tudo isto começou no consulado da Milú, o Crato apenas continua o trabalho iniciado.Foi lançado o mal , só luta muito dura dos professores e do resto da população poderá corrigir os males, mas como dizia há dias um colega, "faltam-nos generais e soldados para lutas mais duras". Acrecento eu, para já !
    Abraço,
    Luís Sérgio

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